terça-feira, 17 de agosto de 2010

A Verdadeira Utopia - enganados em qualquer lugar, prefiro sonhar!

Meu objetivo, como já disse, não é a revolução social.

Em discussão por fóruns aí afora, noto a constante rotulação de nós, heterodoxxxos, como pequeno-burgueses, revolucionários de boutique. Bom, repito, não somos revolucionários, não no sentido ortodoqço da palavra.

Não criarei nenhum partido que se diga de esquerda [no fundo, todo partido é de direita] e que manipule as massas para algum lado que elas não saibam exatamente se querem ou não ir.

Não criarei nenhuma igreja onde eu pregue os meus sermões e ameace as pessoas que não seguirem os meus desígnios o sofrimento eterno [isso porque meus deus amaria seus filhos!]. Na verdade, mal posso acreditar que existam pessoas que ainda hoje caiam nessa ladainha [moço, para na Era da Informação, por favor?].

Não criarei uma ONG [oh naïfe god] que, depois de muito pelejar num assistencialismo inócuo [combater a seca no nordeste!? o único assistencialismo possível é reforço em geografia!] acabe se filiando a um programa de governo que vai nos inchar, nos fazendo depender de suas verbas para depois, de uma patada só, cráss! [E ainda pagaremos de ativistas! ah, mãe, deu tudo errado, mas deu tudo certo!]

O problema não é o capitalismo, o problema é não se saber NO capitalismo, e também em qualquer outra circunstância, ou seja: o problema é a ignorância.

Há uma cultura implícita na sociedade, e não só na brasileira, mas no mundo todo, onde a intelectualização é rechaçada pelas camadas mais pobres, justamente aquelas que mais precisam dela. A detenção (há) da informação é o grande poder nesse mundo contemporâneo - fantástica estratagema a de convencer seus escravos a quererem ser ignorantes: jamais descobrirão os grilhões abaixo de seus focinhos.

No Brasil (assim como em vários outros países) há certas características muy tristes: temos uma mentalidade de colonizados sem metrópole, patriarcalista, clientelista, somos hedonistas, particularistas e imediatistas, sado-masoquistas (mas sem qualquer prazer), não afeitos à comunidades, violentamente (e violadamente) cordiais, tristemente felizes (com música: somos baianos. sem música: somos paulistas), somos vendidos e corruptores em potencial, pagadores automáticos & compulsivos de impostos e... gamers!

Gamers, sim, pois jogamos um divertido jogo de selecionar, de 2 em 2 anos, toscos personagens num videogame; tais personagens jogam em diferentes níveis (Federal, Estadual e municipal; Executivo e legislativo e... o judiciário não vem habilitado nessa "democracia"...). Pagamos taxas absurdas para vê-los jogar. Nos dizem que vamos ganhar muitos prêmios, mas na verdade, acho que o fabricante ganha muito mais quando nos "concede" algum prêmio. Mas pelo menos ganhamos algum Status: Cidadãos de bem.

Dessa forma, a minha utopia é a mais utópica de todas: uma sociedade anarka, onde as pessoas sejam suficientemente racionais para conduzir suas próprias vidas, gerindo juntos suas comunidades, sem precisar mandar em ninguém, todos entendendo que são parte do todo e que o um depende do outro e vice-versa. Uma sociedade que preze o conhecimento social prático, não submetida e não submetível, união de todos os autonomos, onde a educação seja a prioridade absoluta... Utopia: esbarra justamente no fato de que as pessoas não são boas: querem mandar e querem obedecer. Pensar, realmente, dá muito trabalho. E ninguém, ninguém mesmo, quer ter trabalho.

Já vivemos numa sociedade de ilusões. A começar pelo dinheiro. Outra ilusão, as religiões que dizem que nos salvarão (mas ninguém vai nos salvar delas?). Mais uma, a suposta educação universal que supostamente nos coloca na mesma posição inicial (para competirmos todos juntos!). Outra, empregos de enxerto (um milhão de empregos a preço de bananas). A pior das ilusões? Nossa democracia (não "A" democracia), que diz que o povo tem o poder [mas não o avisa disso], que define as regras do jogo [mas não ensina o povo a usar ainda na escola] e que ampara o sistema de auto-manutenção do verdadeiro poder (que está na política formal)... e assim vamos, navegando num mar de ilusões.

Utopia por utopia? Prefiro a minha: não quero pensar que eu tenha que guiar o povo por partidos, por igrejas, por ongs e etc. Se o povo não quiser ir, que fique. O problema é que não tiraram a venda dos olhos do verdadeiro Leviatã. A Ignorância é o inimigo. Cada Rei Reinando seu Reino.

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