domingo, 1 de agosto de 2010

Cavalo-de-tróia. Nem queira saber quem está no fundo da caixa - ou melhor, você precisa saber.


Afinal, como deixamos em nossas asseadas casas, nossos recantos de paz, onde nada nem ninguém de fora pode vir nos obstruir de nossas vontades, de nossos desejos, enfim, em nosso castelo, viver um espião?
está alí, em cima do rack, na mesa da cozinha, está no quarto dos nossos filhos, pendurada na parede, está lá, o tele-visor. Está dizendo, mas nunca ouvindo. Está transmitindo coisas incontestáveis, está nos mostrando o que nem sempre importa ver. Está exibindo a mesma coisa sobre alguns ângulos precisamente previstos.
Como deixamos uma caixa de propaganda dominar nossas vidas? Queremos tanto assim saber o que nos oferecem para comprar? Não nos oferecerão algo melhor?
Como nos rebaixamos à sua PROGRAMAÇÃO [mais uma submissão?!]? afinal, quem está programando quem, nós ou a caixa? Por que motivo perdemos horas e horas de nossas vidas assistindo os mesmos programas, e mesmo as reprises dos mesmos programas - e ainda mais, as reprises das reprises das reprises dos comerciais! E ainda dizem ser de utilidade pública! [30 segundos sobre nossas cabeças]
Por que privilegiamos este eletrodoméstico? Por que nós estamos hipnotizados pela frequência? Por que o que esta caixa está divulgando parece ser tão mais apetitoso, tão mais bonito, tão mais interessante [essa tv parecia mais bonita na tv...]?
Esta caixa não invandiu nossas casas, individualmente. Ela não entrou com suas próprias pernas: ela fez pior, nos con[venceu] ela foi trazida para dentro por nós mesmos, um verdadeiro cavalo-de-tróia.
Parecia mais bonita na prateleira, parecia inofensiva. Aliás, ainda parece inofensiva; principalmente quando desligo quando me vejo na tela, como num espelho...

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