tag:blogger.com,1999:blog-87953779192680430672024-02-20T02:04:38.574-08:00Resistência HeterodoXxXaPosso ser um se passando por mim mesmo;
posso ser um se passando por muitos;
podemos ser muitos se passando por um;
não importa.
O importante é Eduardo Montenegro sou eu. (ou nozes).Eduardo Montenegrohttp://www.blogger.com/profile/00736409205565351702noreply@blogger.comBlogger21125tag:blogger.com,1999:blog-8795377919268043067.post-40611915095494197322012-03-10T14:45:00.000-08:002012-03-10T14:45:10.069-08:00Montanhas de concreto sobre sangue, suor e lágrimas<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvoB8YPj7LONcve0eVrVtnunDjELSufFmGyOtTUGShtRr9OIkhHdXN6s6ZVELJ1sRRfehoYIkcaB4OY1nsAWsmqlkUmDS1RmcJQIVOecuejBE4LUBpz28_bcO9lK7pyY8RrKKg_lnN5uZT/s1600/100_0921.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvoB8YPj7LONcve0eVrVtnunDjELSufFmGyOtTUGShtRr9OIkhHdXN6s6ZVELJ1sRRfehoYIkcaB4OY1nsAWsmqlkUmDS1RmcJQIVOecuejBE4LUBpz28_bcO9lK7pyY8RrKKg_lnN5uZT/s640/100_0921.JPG" width="640" /></a></div><br />
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<div style="text-align: right;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Tudo isso foi feito por amor,</span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">mas é inamável.</span></div>Eduardo Montenegrohttp://www.blogger.com/profile/00736409205565351702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795377919268043067.post-42646362777598867932011-06-21T17:49:00.000-07:002011-06-21T17:49:45.683-07:00Cavalo-de-tróia: dentro e fora de nossos templos.<span style="font-size: large;">Excesso de informação. Há muita coisa acontecendo no mundo ao mesmo tempo. A compressão do mundo causada pelo desenvolvimento das telecomunicações e dos transportes também trouxe à tona a consciência de que nossa capacidade de abraçar o mundo é restrita. O eufemismo “aldeia global”... não sabemos o que acontece sequer em nossa própria oca. Mas não nos importamos muito com isso. Há sempre alguém cumprindo seu papel até que nós possamos gozar do maior de nossos direitos – garantido pela civilização ocidental: o direito de consumir.</span><br />
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<span style="font-size: large;">Numa mina de carvão, numa floresta temperada, num país colonizado, nas casinha do “pessoal da limpeza”, eles estão lá, cumprindo “seus papéis”. Uma infinidade de seres humanos “montando” cada um sua parte, o todo de nosso objeto de consumo. Ora, é apenas trabalho, alguns dirão, bem como eu trabalho na cidade, o sujeito lá trabalha numa mina de carvão. Ok. Direito ao trabalho, pois, certo? </span><br />
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<span style="font-size: large;">Desembrulho o pacote. Abro a caixa. Está lá, envolto em plásticos, isopor, papéis, está lá, brilhante, opulento, misteriosamente poderoso, consistentemente místico, um notebook. Está lá, pronto. Depois de milhares de mãos, chegou às minhas por um preço razoável! Quem diria, que avanço da sociedade de consumo, um computador tão avançado na mão de alguém da classe C... o que aconteceu para isso vir parar nas minhas mãos? a) “votaram certo nas últimas eleições”; b) minha família soube economizar; c) eu soube investir nos lugares certos; d) estamos reciclando tecnologias não mais absorvíveis no primeiro mundo... bom, há uma infinidade de respostas e pseudo-respostas possíveis, mas poucas delas tocam num ponto essencial: sofrimento.</span><br />
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<span style="font-size: large;">Tão bonito esse laptop. Tem mil coisas dentro dele, mil tecnologias que avançaram assombrosamente nas últimas décadas. Houve um dia em que o disquete era o suprasumo da tecnologia. Hoje um laptop comum tem 300.000 vezes a capacidade de um disquete... Pouco mais de uma década e veja a que tamanho reduziram o celular, o laptop, a parte interna da televisão... Aqui dentro tem lítio, tem cobre, ouro, silício, chumbo, magnésio, alumínio, enxofre, boro, carbono, uma infinidade de elementos compõem e recompoem-se dentro dessa “maravilha” da tecnologia moderna (ou talvez pós-moderna)... radioativos ou não, extraídos dos lugares mais distantes do planeta, a baixissimo custo. América central, América do sul, África, Ásia, Leste Europeu... Regiões em vias de desenvolvimento, em vias de exaustão. Extratores humanos expostos aos mais graves riscos de saúde para que uma pitada de cada um desses elementos maravilhosos venha parar num belíssimo laptop na América do Sul... uma só pitada em cada laptop. Milhões de laptops. Talvez bilhões.</span><br />
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<span style="font-size: large;">Mas a gente compra - e se pensa numa coisa dessas, pensa: é só uma pitada. É só um laptop. É só mais um celular, mais uma televisão, mais um MP3, mais uma pilha, só mais um litro de óleo no ralo, só mais uma descarga, só mais um vizinho desperdiçando água, é só mais um carro, só mais bife no lixo, é só mais um cigarro, só mais uma queimada, só mais um defensor da floresta morto, só mais um cachorro morto de fome na casa alheia, só mais um bebê torturado nas mãos de uma babá despreparada, só mais um médico carniceiro, só mais um desgraçado que bate na mulher e nos filhos, é só mais uma cerveja, só mais uma pedra, mais uma carreira... e assim o mundo é feito, das somas mais simples... 1+1+1... bilhões de laptops. Bilhões de pessoas fodidas no planeta Terra. </span><br />
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<span style="font-size: large;">Um bolo muito bonito. “Molhadinho”, chocolate escorrendo, uma cobertura de chantilly, um glacê contornando bonitos desenhos... longe da comemoração, bilhões de vacas estão presas à máquinas que sugam suas tetas com muito mais força que aquela de seus bezerrinhos – que aliás, estão mais longe ainda, confinados, cada um num cubículo, sem sol, com alimentação precária, afim de tornarem suas vidas apreciáveis – como vitela. De outro lado, bilhões de galinhas em regime de produção absoluta estão confinadas aos montes em gaiolas, sob luz 24h por dia, umas sobre as outras, vivendo sob excrementos umas das outras, alimentando-se umas das outras (via ração e via canibalismo por estresse), tudo isso para produzir um bolo mais fofinho aqui, um acompanhamento para sanduíche acolá, um ingrediente para alguma receita pra lá. Animais torturados durante toda uma vida, anos a fio, para que possamos gozar o sabor de suas mortes...</span><br />
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<span style="font-size: large;">Uma “gostosona” rebolando em frente à câmera, um sujeito alto, forte e bombadão pega ela “de jeito” e depois de cinco ou seis indicações de posições do diretor, o alazão macula a face inocente de uma jovem colegial. Tudo isso de graça na internet. Viva a pirataria, então. Ela nunca se questionou sobre o que faz na frente das câmeras, muito menos ele, que é invejado por seus amigos; já ela tem vergonha dos pais, que não aceitam sua profissão. Ela é atriz pornográfica, mas nunca interpretou um papel com falas. Não importa se ela está preparada ou não, se ela está afim ou não, ela TEM que estar afim, senão... vai doer também fisicamente. Para o ator, uma ou duas pílulas e muita força de vontade. Diz-se que o salário compensa.</span><br />
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<span style="font-size: large;">As coisas chegam até nós de um jeito muito bem acabado. Nós não nos questionamos o que está abaixo delas. Nossa sociedade produz as mais incríveis atrocidades para que possamos realizar nossas micro-fantasias e imaginar que nossos vazios existenciais estão preenchidos. Nós consumimos e somos consumidos para produzir coisas para os outros consumirem. Somos a máquina, somos o sistema, toda sua estrutura e mesmo as peças que não cumprem seu papel são absorvíveis, viram exemplo do “dont do it”.</span><br />
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<span style="font-size: large;">Meu corpo é meu templo. O máximo de território sob o qual eu tenho algum controle é o meu corpo. Desde pequeno me entopem de entulho que insistem em chamar de comida, de brinquedo, de roupa, de tecnologia, de necessidade, me entopem de açúcar, de drogas, de óleo, de carnes encharcadas de hormônios, de venenos, de vegetais que exalam agrotóxicos, enfim, todo o aparato que é museu de nossa ignorância. Nunca nos questionamos, pois toda la gente hace el mismo. Questionar a si é questionar o status quo, toda a cultura ocidental moderna. Questionar o modelo de vida é por em dúvida todo o modelo de vida sob o qual bilhões de pessoas morreram na tentativa de erigí-lo. Não perguntar é honrar a morte de tantos cristos que morreram por nossos pecados. </span><br />
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<span style="font-size: large;">Um dia, um tanto por impulso, peço a identificação de um carregamento que habitualmente recebia em meu templo. O entregador, confuso, foi obrigado a me explicar de onde tudo aquilo vem, como foi fabricado, por quem, e quanto me custa aceitar sua entrega. Recuso a entrega. Espalha-se pela região que meu templo é habitado por um louco que recusa o que todos aceitam. Meu templo vira alvo de chacotas de toda parte. Raros são aqueles que me interpelam na rua do comércio sobre as novidades em meu templo. Mas me sinto seguro em perguntar, e passo a fazê-lo sempre.</span><br />
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<span style="font-size: large;">Tempos passam e a posição crítica aumenta. Me distancio cada vez mais da vila. Enquanto ela torna-se cidade, eu me aprofundo nos livros e cartas, recebo outros viajantes críticos – do tempo e do espaço - de outras partes que me contam de suas longas viagens e de seus próprios modos de enxergar o mundo. Todos tiveram suas cidades sitiadas, mas fecharam suas portas e resistiram o quanto puderam – muitos ainda resistem. Pela janela, vejo fumaça subindo em grossas colunas no horizonte da cidade – prédios lentamente acompanham a fumaça rumo aos céus. Choro à noite pensando nos meus que se esqueceram de se perguntar sobre aquele monte de entulho que vem de tão longe, sob tanto sangue, sob tanta humilhação, tanta ignorância... o mesmo laptop que me ajuda a estudar foi composto em esforço por uma multidão de pessoas que sequer sabe escrever. Aquele bolo tão saboroso custou uma vida de sofrimento à galinhas as quais nunca foi possível viver sua natureza. Aquele bife jogado na lata do lixo era parte de uma vaca que talvez nunca tenha alimentado um bezerro, vivido no pasto, sua própria natureza: ao contrário, só conheceu ferros quentes, biombos, esterco por toda parte e sal, muito sal, e um tiro de pressão, serras elétricas, seu próprio sangue.</span><br />
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<span style="font-size: large;">Mas isso não é importante. O problema é que não se consegue viver sem o laptop, não se consegue viver sem a televisão, sem um celular novo, aquele tênis é bom pra coluna, bolo sem ovo “não cresce”, a gente precisa do leite, de onde vou tirar minhas proteínas, coca pro almoço, coca para viver... A gente simplesmente não pode conceber... </span><br />
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<span style="font-size: large;">Dias obscuros advieram. Viajantes há muito não apareciam, minha comunicação ficou debilitada. Sofri em silêncio pensando estar só, a turbidez da água que passava pela cidade me fez questionar minha própria saúde mental, o ar agora num cinza visível se batia vigoroso por sobre minhas vidraças, nevavam cinzas lá fora... me agasalhei, pus a máscara e saí. Caminhei horas a fio, tremendo e fraco. Olho mais adiante, tentando ver além das cinzas que caíam, e vislumbrei uma bandeira num templo vizinho. Andei até lá, um tanto confuso... há muito não via bandeiras hasteadas. Bato à porta: “Quem és tu?” - choro de alegria “Eis que finalmente perguntam algo!”. Explico-lhe quem sou. A porta se abre e sou recebido com um carinhoso abraço: fui para ele exemplo, bem como outros foram exemplo para mim. Juntos tomamos chás de sua horta e, pesarosos, concluímos que para cada dez arranha-céus que se erguem, apenas uma bandeira insurreta se ergue temerosa – isto quando não abaixa.</span><br />
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<span style="font-size: large;">Volto para casa de cabeça erguida, apesar da incômoda fuligem em meus olhos. Às portas de meu templo, dezenas de cavalos-de-tróia aguardam a menor brecha em meus portões. Adaga em mãos, em luto, passo entre eles orgulhoso, não lhes direcionando um olhar que seja – mas sinto-lhes bafejando aos meus passos. No meu pátio, do lado de dentro, sofro ao ver os cavalos-de-tróia que aceitei, que estão alí, mostrando minhas próprias fraquezas. Lembro de meu vizinho. Lembro dos viajantes. Sinto algo tocar minhas costas – um raio solar. A minha volta, só fuligem empesteando meu ar. O sol me toca, sim, mas de dentro. </span><br />
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<span style="font-size: large;">Lembro de Quixote. Simpatizo com ele. Entendo aqueles que na rua do comércio me dizem, rindo-se entre os dentes “vais boicotar a tudo, mas como vais boicotar a fome?”. Seríamos tão fortes... às vezes lhes proponho questionamentos, mas não querem pensar no que estão fazendo. Carregam tanto entulho em suas costas que se os descessem para analizá-los não conseguiriam colocar tudo de volta às costas sozinhos (e ninguém lhes ajudaria, também). Talvez por isso eu tenha podido questionar tão “cedo” - nunca tive nada do que me despir, nem tanto a questionar. A verdade é que estava no básico, quando questionei o básico. Quando desci o que estava às minhas costas eram apenas meus hábitos.</span><br />
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<span style="font-size: large;">Já não atendo à porta sempre. Sei diferenciar a batidas de gente de verdade das de soldados. Aguardo o dia em que poderei sair pelo portão da frente de meu templo e ver o sol para além de tantos gigantes cavalos-de-tróia. Enquanto isso, preparo minhas malas, serei também viajante a levar as boas novas, como foram um dia para mim. Adaga na cintura, bolsas às costas... rodo as chaves no meu indicador. Penso no meu navio... afasto o pensamento. Voltar para o mar? Não, é preciso pisar as ruas da cidade. </span>Eduardo Montenegrohttp://www.blogger.com/profile/00736409205565351702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795377919268043067.post-34957907262398900122011-05-23T08:03:00.001-07:002011-05-23T08:03:16.091-07:00O Cais e a Ideia como Adaga – transformando a História em Terra firme.<title></title> <style type="text/css">
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<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Eles tentaram de toda forma, em todos os tempos, sob as torrentes ou sob os sóis escaldantes, penetrar em nossas fortalezas, e sempre conseguiram. Por séculos fomos assediados, e bajo la violencia e principalmente por nossa fraqueza física, cedemos. Tempo ao tempo, os expulsávamos e erguíamos, ritualisticamente, supostas barreiras mais altas e mais fortes.</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Enquanto festejávamos, eles preparavam novas invasões.</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Não tardava, caíamos na rotina. A rotina é a memória preguiçosa, é o tempo ignorante no qual a história engolida fica no estômago, quieta, até causar ânsia de novo. Os dias amanhecem todos do mesmo jeito, e mesmo os dias santos não glorificavam nada além da nossa própria ignorância do porvir. Um dia – gozávamos no temor – tornava a chover fogo dos céus e troncos arrebentavam portas e cabeças. Era o prazer funesto de se ver arrancado de uma rotina de morte pela vivência da morte emergente. </div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">O sangue que escorria pelas valas, até o meio das canelas, os invasores circulando em nossas fronteiras de cabeça erguida e zombando de nossas mulheres e crianças, homens e velhos, todos pagavam com seus corpos e mentes a sanha imoral daqueles que tornavam a nos submeter. Já se gozava menos a famigerada aventura a cada morte que se provava existente, a cada falta de uma querida mãe, de um querido filho, a cada alma que era sacrificada para nos forçar à rotas de comércio.</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">A história se repetiu, com algumas variantes em tempos, métodos, lugares, mas principalmente pessoas, pois os mortos, mesmo estando sob a categoria de supostos “derrotados”, não são as mesmas em suas “derrotas”. Apesar de passar quase como uma receita, a história aquietava-se nos estômago dos que viviam mais um pouco.</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Disso se me lembra que a ignorância coletiva não foi superada com os tempos, e, nem mesmo com o pesar de tanta humilhação. Mesmo sabendo que nossas portas, apesar de fechadas, sucumbiriam aos arietes menos destros, foram os inimigos, os bárbaros que evoluíram em seus meios de dominação. Podiam arrebentar tudo, podiam massacrar a todos, podiam por a história em chamas – mas só ia por os malditos sobreviventes num regime de ódio e angústia. A mão pesada abandona o chicote e, num afago, interiorizamos o inimigo.</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Cavalo-de-Tróia. A história foi transformada numa fábula, e deixamos de creditá-la como mais uma possibilidade estratégica. Aos que ignoram a história, ou mesmo o modo de usá-la para seu próprio bem, resta aceitar o poder de quem a detém, de quem a conhece, de quem a escreve – ou reescreve.</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Fortaleza fechada. Família reunida. Janta-se, descanso. Sentamos, pois, com o invasor. Mensageiro das novidades mais distantes, ator convincente, reduz à pó não só nosso ouro, como nossa convivência, nossa inteligência. Mora na nossa sala, e o amamos como a nós mesmos. Que seria de nós sem as invasões bárbaras?</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Saímos pela manhã para buscar o desjejum, a mensagem bárbara está cem vezes em nosso caminho. Compre isso, compre aquilo, seja assim, só é feliz quem tem, vem ser feliz, não dá pra ficar sem... a cidade deixou de ser nossa vida para se tornar mera rota de comércio, flui dinheiro e não vivências. Voltamos para nossa fortaleza sitiados por mãos que afagam nossos cérebros – e gozamos no temor, dessa vez, de estar socialmente morto.</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">A comunidade morta. Cadáveres circulam pela cidade em chamas que não se vêem. Mortos, se abraçam cada vez menos, beijam sem amor, já não há vontade. Filhos em decomposição, pais deteriorados. As muralhas da cidade estão bem fechadas. O inimigo, como boa mãe, mora agora dentro de nós, acarinha nossas ideias, nos aponta e faz contemplar o nada, amaciar a carne, somos humildes, aceitamos, cordeiros, compramos. </div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Chorei mil cadáveres de quando chovia fogo, de quando as invasões eram sinceras e os homens brutos se orgulhavam de mostrar a verdade que vieram defender. Choro tantos mil mais quando vejo que sacrifiquei a mim mesmo por décadas servindo ao inimigo que morava em minha casa, em minha mente, às suas senhas ocultas em cada propaganda, em cada gosto, em cada pote, em cada ideia, em cada conversa “amigável” - cala-te e aceita, calei-me e aceitei. Fomos atropelados pela história, ainda não a detemos, ela serve a quem a vislumbra. História é vida, e tal como ela, opcional.</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Encontrei a receita-prima escondida em minhas ações, a grande história da humanidade, a história que foi engolida pelos historiadores, a história que serve cartograficamente aos vencedores.</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Rememorei por séculos, por milênios, cada batalha travada entre os homens, e entre eles e a natureza. Caminhei por prados, florestas, desertos, bosques, oceanos, cada riacho, cada cachoeira, cada fiorde, sopraram-me as monções... comi sob deus e sob o diabo, mas não por eles – está-se entre os homens, está sob tudo o que é deles – espiei calado, a mente laborante. Escrevi e analisei cada tática, cada tragédia e descobrindo fui, cada inimigo, cada passo que é dado entre a vítima padecer ao algoz – ou até tornar-se o algoz. Conclui que a ignorância não é o fim, mas o meio por onde se propaga a derrota, a humilhação, a ruína da fortaleza, as portas abertas na vasta muralha de pedra.</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Por meses, derivei. Ao mar, salguei com um longo pranto, e altos gritos bradei purgando o céu e a terra pela desgraça dos homens, pela minha desgraça. Os ventos e o mar me envolvem e estar perdido entre eles é estar encontrado consigo mesmo. Meus manuscritos, ao vento, voaram longe como pássaros-semente, fazendo ninhos em mentes muito além-mar, florescendo entre aqueles que os acolhiam, que os regavam. Entendi. Entendi que chegavam as folhas brancas, entendi que chegava a tinta vermelho-sangue que pingava de meu indicador, entendi que nem só de lágrimas e remorsos vive o homem, e munido das reflexões e de toda a história da humanidade – que compreendo em cada ideia transformada em ação e cada ação transformada em ideia, alço velas.</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">A tatuagem preta emerge em memória aos dilúvios que dissolveram a humanidade por dentro. Pesar aos irmãos e irmãs que, munidos apenas da inocência, foram devorados pela própria ignorância e pela ganância alheia. À memória deles voam milhares de papéis pelos tempos... mas só no gesto de agarrar tais memórias é que se respeita a existência dos que se foram – e dos que estão aqui, a morrer, agonizando. Tranquilizem-se vôs e vós: morre um, nascem mil.</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Meu corpo como campo de batalha, meu navio, minha espada. Minha Jolly Roger conta o tempo de morte e me lembra que há vida. Esse é um recomeço, início da primavera, bons ventos me guiarão rumo ao Norte, ao meu Norte. Meus segundos virão palcos, a minha vida será o roteiro, serei já o Diretor. <i>Uma</i> chance, pela história. Ponho-me novamente entre os homens, terra firme, como nunca estive. Nunca mais perdido dentro de mim, tampouco encalhado. Elegi os inimigos, planejei sua derrota por Eras a fio, e, agora, estou entre eles. Reconheço, logo no cais, outros – dispersos na multidão -, outros que como eu, transformarão o cansaço em força. Sem palavras, nos compreendemos. Mãos sobre as adagas, dispersamo-nos, confiantes de que cumpriremos nossos papéis. Caminhando entre os homens tento, mas não consigo, conter o sorriso que machuca meu rosto, um sorriso feliz pela esperança de liberdade, de <i>Liberdade</i>...</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Senhoras e senhores, o Primeiro Ato.</div>Eduardo Montenegrohttp://www.blogger.com/profile/00736409205565351702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795377919268043067.post-31471838886689567242011-04-27T12:59:00.000-07:002011-04-27T12:59:28.696-07:00Passo Além do Óbvio - da pequenez à grandeza do Ser.<span style="font-size: large;">Infundidos na vida cotidiana, somos convencidos desde criança a viver nessa distopia como se nada estivesse acontecendo - ou melhor, como se nada melhor fosse possível acontecer. Nosso papel nessa sociedade é o de consumir e o de ser esteticamente igual ao outro - sendo assim, paradoxal e impossivelmente diferente. Assumimos, desde sempre, os velhos hábitos "aceitáveis" como sendo nossos, como sendo espetaculares. Assumimos nossas vidas medíocres como as melhores possíveis, enxergamos no horizonte a desgraça de coturnos policiais e sapatos de couro polidos e nos parece um pôr-do-sol - em sangria, e eis sua "beleza"... </span><br />
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<span style="font-size: large;">Nos ocupamos da vida de supostas celebridades, dedicamos dourados minutos de nossas vidas à leitura ("mas é dinâmica!") dos acontecimentos da novela das 6, ou do enlatado norte-americano, guardamos nossos sagrados domingos e quartas-feiras para o não menos sagrado futebolzinho, imolamos nossas celebrações em churrascos regados à cerveja e papo-furado, cimento-de-merda, nosso cigarrinho de manhã e a noite, um paierozinho pra enganar a tarde, uma cervejinha com o dinheiro do mercado, cannabis é revolta é revolução pacífica, capitalismo é uma bosta me vê uma coca-cola e um número Um, vou votar no domingo fala um número, a vida segue, e para nós, vai bem, já que supostamente é isso aí, a vida.</span><br />
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<span style="font-size: large;">Estamos preocupados com os minutos do celular! Estamos preocupados em acordar cedo! Estamos com preguiça de pensar na morte da bezerra! estamos preocupados com a radiação no Japão (ai se me chega!)! Temos que caminhar 15 minutos a cada dois dias, mas eu começo na segunda! Minha vizinha me chamou de gorda! Tem baladinha na sexta, vou encher a cara e pegar todo mundo! Baixei todas da lady gaga vôpôpcêôvi no celular novo, quatro chips, mas só tenho dois e tô sem crédito!</span><br />
<br />
<span style="font-size: large;">Assolados pelas solas do cotidiano, rastejamos nossas vidas agradecendo a deus por ser nosso senhor (!). </span><br />
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<span style="font-size: large;">Cessão das nossas vidas ao mediocre do dia-a-dia, ao individual, ao pouco, ao pequeno, ao mínimo, às rixas, às masturbações, às pequenas sacanagens, às pequenas filhadaputagens, às misérias que chamamos paraíso. Compre sua revolução, descartável, amanhã é outro dia - impressionante como parece com ontem, e a maldição não dormir à noite, não viver de dia, não saber o que sonhei, o que comi ontem...</span><br />
<br />
<span style="font-size: large;">Um dia se acorda, mesmo sem dormir. Ouço os passarinhos cantando muito além dos sapatos de couro engraxados. Já não me importa o que o noticiário está dizendo, já não me interessa quem venceu as eleições, quero saber se a horta da esquina está rolando, coloco um classificado psíquico "Procuro pessoas que já não moram mais aqui". Já não registro queixas na delegacia com esperança ou esperando a boa vontade do sistema, o supermecado se reduz cada dia mais, meu mundo capitalista vai desmoronando, ele se torna cada dia mais força do que jeito, pois cada dia que eu imponho mais minha liberdade, mais o capitalismo força a barra, e logo sei que sabe meu nome. Sou perigoso porque o capitalismo não me importa. Meu jeito de ver o mundo é trabalhoso mas contamina mesmo assim. Não sou eu, Eduardo Montenegro, o centro desse artigo, mas você, operando a realidade e destruindo os próprios mecanismos psíquicos que te controlam: superando seus vícios, superando o egoísmo, buscando o Outro nas esquinas, abrindo a boca mais para falar do que para beber o cafézinho da repartição, apagando um maço de cigarro antes de acender, desafinando o coro dos contentes, sendo o chato da turma, mas que ninguém te esquece, sendo um ponto de pressão numa rede social invísivel, supostamente controlada pelo poder, andando num mundo de cabeça para baixo, de cabeça para cima.</span><br />
<br />
<span style="font-size: large;">Abdicar do óbvio. Não aceitar o que está entregue. Conhecer o mundo <em>pelas mãos</em>. Superar a si mesmo para superar o mundo. Inventar novas formas de se relacionar com tudo e todxs... tudo isso está sendo dito e repetido a todo momento, por inúmeros pensadores mas... até quando você só vai ficar ouvindo?</span><br />
<br />
<span style="font-size: large;">é preciso NÃO QUERER ser pequeno. Desejar o mundo mais do que o mundo que nos é imposto. Sonhar com o além-merda para descobrir os impossíveis possíveis. As coisas estão aí - mas muito além da nossa medíocre vida cotidiana, há muito mais... talvez as nossas próprias vidas. Quando vamos querê-las de volta?</span>Eduardo Montenegrohttp://www.blogger.com/profile/00736409205565351702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795377919268043067.post-5847323210883819982011-01-03T11:19:00.000-08:002011-01-03T11:21:36.463-08:00Um Soco no Ar: Controlando Tempestades.<span style="font-size: large;"> Todo marinheiro nasceu para capitão. </span><br />
<span style="font-size: large;"> Mas muitos passam toda a vida limpando o convés e morrendo em batalhas que não sabem por quê se dão. </span><br />
<span style="font-size: large;"> Mal sabem os homens que <i>todos </i>já possuem seus navios, e suas espadas, e seus canhões, e o poder do grito que ecoa por sobre toda a Terra. Mas ainda não sabem o que gritar, contra quem gritar... têm medo de chamar a atenção, de virarem alvos fáceis e solitários. Medo da solidão. <i>Um ponto no meio do mar.</i></span><br />
<br />
<span style="font-size: large;"> Um homem solitário navegou em sua jangada até o meio do oceano para descobrir que não importa para onde fosse, sempre haveria um horizonte, e nele, os seus iguais. Gritou sozinho no meio do deserto para chamar os homens para batalhar, o louco, o visionário. Ninguém o escutaria - claro - pois gritava o que nenhum ouvido podia sentir, pois<i> não se sente aquilo que não conhece</i>. Ergueu-se aos céus para ver melhor, mas só viu formigas, e imaginou que seus <i>iguais </i>assim fossem - meras formigas. Voltou ao oceano, voltou à sua jangada, inconformado... e teve de voltar a ser um verme para repensar a humanidade. A descobriu dentro de si. Viu a humanidade dentro de um verme, e um verme em cada ser humano.</span><br />
<span style="font-size: large;"> A escuridão de seu casulo, a solidão da imensidão, a dúvida de "para onde ir", a ignorância da crença coletiva passiva, a falta de curiosidade e de garra, tudo o que ele via nos outros sentiu partir dele mesmo. Um homem que tentava agarrar um grão de poeira no deserto, uma imensidão de histórias e sentimentos, de desejos e de complexos, em cada formiga, ele estava, sendo ele mesmo, formiga.</span><br />
<br />
<span style="font-size: large;"> Um dia um homem que morava numa cabeça se materializou quando se rebelou contra um gigante, que aos olhos dos outros, parecia apenas um moinho. Ele e sua espada erguida - a imagem que fez de uma idéia um homem, parte de uma guerra que dura milênios. Foi mais um... mas foi um capitão, autônomo, temporário... das suas idéias bebemos e somos fortes até hoje. Para os outros, veneno, para nós, é a água mais límpida. Mitridatismo, então.</span><br />
<br />
<span style="font-size: large;"> Entendeu. </span><br />
<span style="font-size: large;"> Nenhum homem viverá para sempre, somos temporários, perecíveis. Não lembramos de carnes, a lembrança é mera idéia. Somos troncos por onde as idéias fluem e se transformam nas mais belas flores e frutos, que vão continuar se propagando até que a última mente humana possa entendê-las. Os troncos apodrecem, a memória, não.</span><br />
<br />
<span style="font-size: large;"> No meio do oceano, um homem ergue um pulso, e o nomeia sua espada. Sua jangada é o maior navio de guerra já imaginado. Um mastro atravessa seu coração e, lá no alto, só uma bandeira se agita. </span><br />
<span style="font-size: large;">Sua imagem materializada atrai outros capitães materializados. A cada um que morre, nascem mil! Já emerge dos oceanos a esquadra insurreta! Somos a dinamite que nunca apodrece, e estamos, há milênios, explodindo pilares podres dos jardins suspensos da babilônia. </span><br />
<br />
<span style="font-size: large;"> Ouço a risada de um velho bucaneiro, e ela é um chamado. Ela é a chama que nos faz ver uma ilha distante, mas apaixonante, sempre distante como uma Dulcinéia: essa ilha é o que move nossa esquadra há milênios, e a chamamos <i>Liberdade</i>. </span><br />
<div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"> </span></div>Eduardo Montenegrohttp://www.blogger.com/profile/00736409205565351702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795377919268043067.post-47104612769766304172010-11-26T18:31:00.000-08:002010-11-26T18:31:39.560-08:00SERRA ESTARR APRENDENDO!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyWrD3Do3oKFZqSx4E7aM6RuiC7cb5bnv9Q5Svrdsp8Y9kZ6Oe0dTDrjy5Ls9Lmfpy2u6llSXvlduLoZEAr_7_0Xaeudnw_-KlLpYHX1z2oOg9s4F4OekcSeU4VZd7D1FYbQMM_iFg-Hku/s1600/DEMOCRACIA+serra+tiririca+motivador+doing+it+wrong+voc%25C3%25AA+est%25C3%25A1+fazendo+isto+errado+estrat%25C3%25A9gia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyWrD3Do3oKFZqSx4E7aM6RuiC7cb5bnv9Q5Svrdsp8Y9kZ6Oe0dTDrjy5Ls9Lmfpy2u6llSXvlduLoZEAr_7_0Xaeudnw_-KlLpYHX1z2oOg9s4F4OekcSeU4VZd7D1FYbQMM_iFg-Hku/s400/DEMOCRACIA+serra+tiririca+motivador+doing+it+wrong+voc%25C3%25AA+est%25C3%25A1+fazendo+isto+errado+estrat%25C3%25A9gia.jpg" width="396" /> </a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">em tempo: </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">http://blogdomaurosilva.wordpress.com/2010/08/21/vote-no-tiririca-e-ajude-a-eleger-o-valdemar-costa-neto/</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"> </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">[mas quem podia imaginar? até agora eu não sei quem é o palhaço e quem é o político na foto... e na vida!]</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"></div>Eduardo Montenegrohttp://www.blogger.com/profile/00736409205565351702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795377919268043067.post-31134564586322612012010-08-17T09:33:00.000-07:002010-08-17T09:33:22.862-07:00A Verdadeira Utopia - enganados em qualquer lugar, prefiro sonhar!Meu objetivo, como já disse, não é a revolução social.<br />
<br />
Em discussão por fóruns aí afora, noto a constante rotulação de nós, heterodoxxxos, como <em>pequeno-burgueses, revolucionários de boutique</em>. Bom, repito, não somos revolucionários, não no sentido ortodoqço da palavra.<br />
<br />
Não criarei nenhum partido que se diga de esquerda [<em>no fundo, todo partido é de direita</em>] e que manipule as massas para algum lado que elas não saibam exatamente se querem ou não ir. <br />
<br />
Não criarei nenhuma igreja onde eu pregue os <u>meus</u> sermões e ameace as pessoas que não seguirem os meus desígnios o sofrimento eterno [isso porque meus deus <em>amaria</em> seus filhos!]. Na verdade, mal posso acreditar que existam pessoas que ainda hoje caiam nessa ladainha [<em>moço, para na Era da Informação, por favor?</em>].<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgr2NHtxfVmhSBaKBXaSsM9dm6C1F5aw-v3zmItSNJ8jwnepgTclloWowm6BktbK6DHQdvcBbuf82RyPMYu0x34OU3UXHWdFNjb2HlMIPj6dGlNog2soDk0UPXH52emmIxUJxPR0rlcYm_E/s1600/peao_rei.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" ox="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgr2NHtxfVmhSBaKBXaSsM9dm6C1F5aw-v3zmItSNJ8jwnepgTclloWowm6BktbK6DHQdvcBbuf82RyPMYu0x34OU3UXHWdFNjb2HlMIPj6dGlNog2soDk0UPXH52emmIxUJxPR0rlcYm_E/s200/peao_rei.jpg" width="200" /></a></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">Não criarei uma ONG [<em>oh naïfe god</em>] que, depois de muito pelejar num assistencialismo inócuo [<em>combater a seca no nordeste!? o único assistencialismo possível é reforço em geografia!]</em> acabe se filiando a um programa de governo que vai nos <strong>inchar</strong>, nos fazendo depender de suas verbas para depois, de uma patada só, <strong>cráss</strong>! [E ainda pagaremos de ativistas! <em>ah, mãe, deu tudo errado, mas deu tudo certo!</em>]</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><strong>O problema não é o capitalismo</strong>, o problema é não <strong><span style="font-size: x-large;">se</span></strong> saber NO capitalismo, e também em qualquer outra circunstância, ou seja: o problema é a <span style="font-size: large;"><strong>ignorância</strong></span>.</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div>Há uma cultura implícita na sociedade, e não só na brasileira, mas no mundo todo, onde a intelectualização é rechaçada pelas camadas mais pobres, <em>justamente</em> aquelas que mais precisam dela<strong>. A detenção (há) da informação</strong> é o grande poder nesse mundo contemporâneo - fantástica estratagema a de convencer seus escravos a quererem ser ignorantes: <strong>jamais descobrirão os grilhões abaixo de seus focinhos.</strong><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheseZ30vZLLInFQHLtPIKM3uBxO77k3XzpLmwdbKS-oCybSNqtIgvYY46xmb8ThfopfPivSzgD3tUviUJaNJJFvqOsmbt9bN3J51UGJP00As3-r9uyPTcZ8sSvlZXauTeLDzG9TuRHLyWi/s1600/Rei-amea%25C3%25A7ada-por-pe%25C3%25B5es-174928.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" ox="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheseZ30vZLLInFQHLtPIKM3uBxO77k3XzpLmwdbKS-oCybSNqtIgvYY46xmb8ThfopfPivSzgD3tUviUJaNJJFvqOsmbt9bN3J51UGJP00As3-r9uyPTcZ8sSvlZXauTeLDzG9TuRHLyWi/s320/Rei-amea%25C3%25A7ada-por-pe%25C3%25B5es-174928.jpg" /></a></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">No Brasil (assim como em vários outros países) há certas características muy tristes: <span style="font-size: large;">temos uma mentalidade de colonizados sem metrópole, patriarcalista, clientelista, somos hedonistas, particularistas e imediatistas, sado-masoquistas (mas sem qualquer prazer), não afeitos à comunidades, violentamente (e violadamente) cordiais, tristemente felizes (com música: somos baianos. sem música: somos paulistas), somos vendidos e corruptores em potencial, pagadores automáticos & compulsivos de impostos e... <strong>gamers</strong>!</span></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><span style="color: #999999;">Gamers, sim, pois jogamos um divertido jogo de selecionar, de 2 em 2 anos, toscos personagens num videogame; tais personagens jogam em diferentes níveis (Federal, Estadual e municipal; Executivo e legislativo e... o judiciário não vem habilitado nessa "democracia"...). Pagamos taxas absurdas para vê-los jogar. Nos dizem que vamos ganhar muitos prêmios, mas na verdade, acho que o fabricante ganha muito mais quando nos "concede" algum prêmio. Mas pelo menos ganhamos algum Status: Cidadãos de bem.</span></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div>Dessa forma, a minha utopia é a mais utópica de todas: uma sociedade <strong>anarka</strong>, onde as pessoas sejam suficientemente racionais para conduzir suas próprias vidas, gerindo juntos suas comunidades, sem precisar mandar em ninguém, <strong>todos entendendo que são parte do todo e que o um depende do outro e vice-versa</strong>. Uma sociedade que preze o conhecimento social prático, não submetida e não submetível, <strong>união de todos os autonomos</strong>, onde a educação seja a prioridade absoluta... Utopia: esbarra justamente no fato de que as pessoas não são boas: querem mandar e querem obedecer. <span style="font-size: large;">Pensar, realmente, dá muito trabalho</span>. E ninguém, ninguém mesmo, quer ter trabalho.<br />
<br />
<strong>Já vivemos numa sociedade de ilusões</strong>. A começar pelo <strong>dinheiro</strong>. Outra ilusão, as <strong>religiões</strong> que dizem que nos salvarão (mas ninguém vai nos salvar delas?). Mais uma, a suposta <strong>educação universal</strong> que supostamente nos coloca na mesma posição inicial (para competirmos todos juntos!). Outra, <strong>empregos de enxerto</strong> (um milhão de empregos a preço de banana<strike>s</strike>). A pior das ilusões? Nossa <strong>democracia</strong> (não "A" democracia), que diz que o povo tem o poder [mas não o avisa disso], que define as regras do jogo [mas não ensina o povo a usar ainda na escola] e que ampara o sistema de auto-manutenção do verdadeiro poder (que está na política formal)... e assim vamos, <em>navegando num mar de ilusões</em>.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUnopgXjddTxF6o6kVkCzFOPcLx9w8M0-9WnA7TJ4sifmfOWVGCV5WUeJLhbMe2GtOYkwTGodLXZemKWTJ06oKuH4ddwl_pEUHgB4dWA_WObTdlbxPPT3E6RnAwf69ASu_OsTz6kXfZFP1/s1600/kingandpawn.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" ox="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUnopgXjddTxF6o6kVkCzFOPcLx9w8M0-9WnA7TJ4sifmfOWVGCV5WUeJLhbMe2GtOYkwTGodLXZemKWTJ06oKuH4ddwl_pEUHgB4dWA_WObTdlbxPPT3E6RnAwf69ASu_OsTz6kXfZFP1/s320/kingandpawn.jpg" /></a></div>Utopia por utopia? Prefiro a minha: não quero pensar que eu tenha que guiar o povo por partidos, por igrejas, por ongs e etc. Se o povo não quiser ir, que fique. O problema é que não tiraram a venda dos olhos do verdadeiro Leviatã. A Ignorância é o inimigo. <span style="font-size: x-large;">Cada Rei Reinando seu Reino.</span>Eduardo Montenegrohttp://www.blogger.com/profile/00736409205565351702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795377919268043067.post-74730820306136985532010-08-15T13:20:00.000-07:002010-08-15T13:20:34.344-07:00Procurando Culpados Há Milênios: esquecemos de olhar para o espelho.<blockquote><h1>Motorista que arrastou cão até a morte é condenado a pagar indenização no RS</h1><span class="autor">Lucas Azevedo<br />
Especial para o UOL Notícias <br />
Em Porto Alegre </span><br />
<span class="autor"><span style="font-size: small;"></span></span></blockquote><br />
<blockquote><span class="autor"><span style="font-size: small;">Um dos envolvidos no assassinato de um cão na cidade de Pelotas (RS), em 2005, foi condenado nesta quarta-feira (11) pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul a pagar indenização por danos morais coletivos.</span></span><br />
<span class="autor"><span style="font-size: small;">Na noite do dia 9 de março de 2005, a cadela vira-lata Preta, que <b>estava prenha</b>, <span style="font-size: large;">foi amarrada ao para-choque de um carro e arrastada pela cidade.</span> Na época, a morte gerou comoção da população no Estado. <br />
<br />
Segundo decisão da 21ª Câmara Cível, Alberto Neto <b><span style="font-size: x-large;">terá que desembolsar <span style="color: red;">ao canil</span> municipal R$ 6.035,04 por <span style="color: red;">danos morais</span></span></b>. Ele já cumpriu pena de um ano de reclusão no sistema semiaberto, após condenação na esfera penal. </span></span></blockquote>[blog do http://steincoval.zip.net]<br />
<br />
<br />
É... complicado isso. Eu não sou adEvogado, não sou jurista (juro!), mas como é que funciona isso? O cara MATA propositadamente uma cadela. Tá. Só isso já seria bizarro. Mas aí o cara é condenado a pagar 6 mil PRO CANIL da cidade, que provavelmente reverterá o dinheiro para MATAR outros animais... e por DANOS MORAIS! À MORALIDADE DO CANIL!??!?! Erraram na sentença? ou no crime? ou no(s) culpado(s)?!<br />
<br />
Canis existem para controlar a população de cães que crescem desenfreadamente nas cidades. Crescem desenfreadamente pela irresponsabilidade de supostos Seres Humanos que se dizendo racionais, usam seus cérebros para <i>não-pensar.</i> A castração é uma mutilação, sim. Mas já mutilamos a natureza dos cães quando os domesticamos.<br />
<br />
Há aqueles que dizem: mas castrar esses animais é puní-los por algo de que não tem culpa. Digo: pagarão por tal crime se não tiverem uma família que zelem por eles. Cães de rua são massacrados e humilhados todas as horas e ninguém paga por tais crimes a nao ser as próprias vítimas. Cães de raça procriam e têm seus filhotes <i>extraídos </i>de suas mães para que seus donos tenham algum tipo de lucro sádico. Não respeitamos a natureza animal a milênios, e ainda temos a cara de pau de dizer que castrá-los é um crime!<br />
Estamos sendo TODOS criminosos.<br />
<br />
Lugar de animal não é na rua comendo lixo podre, nem em apartamentos e micro-quintais. Seu lugar é na natureza, no meio ambiente, e nossos costumes umbigocêntricos nos dão o direito de tirá-los de lá e colocá-los na pior das companhias: a nossa.Eduardo Montenegrohttp://www.blogger.com/profile/00736409205565351702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795377919268043067.post-41180399451320052982010-08-13T18:53:00.000-07:002010-08-13T18:53:31.067-07:00Direto do Noticiário de Nossas Involuções:<blockquote><h3 class="post-title entry-title"><span style="color: black; font-size: large;">"Justiça pune juiz corrupto com aposentadoria de R$ 25,4 mil</span><span style="color: black; font-size: large;"> </span></h3><span style="font-size: small;">O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) puniu ontem o ministro <strong>Paulo Medina</strong> (foto), do STJ (Superior Tribunal de Justiça), com aposentadoria compulsória com direito a R$ 25,4 mil por mês. É o mesmo salário que ele ganharia se continuasse na ativa.<br />
<br />
A decisão do CNJ foi unânime porque há fortes indícios de que Medina participou de um esquema de venda de sentença em favor de donos de bingos e bicheiros. Cabe recurso.<br />
<br />
O ministro já estava afastado -- mas recebendo normalmente o salário -- do STJ havia mais de três em decorrência de investigações da Polícia Federal.<br />
<br />
Em 2007, durante a Operação Furação (ou Hurricane), a PF obteve informações de que Medina, por intermédio de seu irmão Virgílio, teria recebido em 2006 R$ 1 milhão para liberar 900 máquinas caça-níqueis apreendidas em Niterói. Posteriormente, a liminar concedida por Medina foi cassada pelo ministra Ellen Gracie.<br />
<br />
Almeida Castro, advogado de Medina, afirmou que seu cliente é inocente. “Virgilio usou o prestígio do irmão sem que ele soubesse.”<br />
<br />
Não é o primeiro magistrado que é punido com afastamento remunerado. No Congresso Nacional há uma discussão para que seja extinto esse tipo de punição que, na prática, acabando sendo um prêmio aos juízes corruptos. </span><br />
<em>Com informação da Agência Brasil."</em></blockquote><br />
<em>[Retirado do fantástico blog de http://steincoval.zip.net em 13-8-10] </em>Eduardo Montenegrohttp://www.blogger.com/profile/00736409205565351702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795377919268043067.post-12255671905243958422010-08-13T12:42:00.000-07:002010-08-13T12:42:10.295-07:00Tocando Corações, Estômagos, Pênis e Vaginas - pega no meu voto!algum tempo atrás li um livro chamado "a cabeça do eleitor" [<i>recuse imitações</i>], o qual se dispunha a responder a respeito das preferencias dos eleitores. Achei o conteúdo simplista demais; no entanto, não sou especialista, só possa analisar com certeza as minhas opções de voto [também não creio que o sujeito que escreveu seja um especialista só porque trabalhou como acessor nesse tipo de coisa].<br />
<br />
Mas, estamos em época de eleições. é agora que vemos como os políticos imaginam como nós pensamos. De ônibus, pensando mil besteiras, eis que surgem as piores visões numa bela manhã de sol de sexta feira... cartazes, pessoas <i>pagas</i> carregando cartazes e bandeiras - <i>sem a menor idéia do que está se passando</i> - mas, não... isso <i>ainda</i> não é o pior, afinal, já estamos acostumados a ver pessoas vendendo sua força de trabalho sem saber exatamente o que estão fazendo (quem seria o primeiro explorador de homens da humanidade?), o pior foi ver <i>pessoas </i>dentro de bonecos de um político aqui da região, andando como mascotes pra cima e pra baixo. <b>MASCOTES DE POLÍTICOS! </b>Não, deus não existe. eu não precisava ter visto aquilo.<br />
<br />
É o cúmulo da representação! um boneco de tamanha um pouco <strike>superior</strike> maior que o de uma pessoa normal [diga-se, não subnutrida (espera... então uma pessoa normal é <i>anormal</i> numa sociedade de subnutridos?] andando pela cidade, não consegui ver outra coisa senão que: <i>sim, eu estou em todo lugar, estou vendo seus problemas, e eu sou a solução, porém, dependo de seu voto, seu milagroso voto, para que eu <strike>possa receber salários astronomicos e imunidade parlamentar </strike>possa trabalhar pelo povo! obrigado, obrigado, mil vezes obrigado e beijo nas criOnças.</i><br />
Afinal, o que eles <strike>pensam</strike>? Que ponto de nossos <i>corpos & idéias</i> eles querem afetar com esse tipo de coisa?? Poluindo a cidade com milhares e milhares de "santinhos" (deveriam se chamar "<i>diabinhos</i>") que <i>ensinam </i>os números que <i>devem </i>ser colocados na urna eletrônica (tecnofilia...). Quando vão pegar em nossas mãos para digitar os números? na próxima eleição?! não percam as próximas <i>Tele-aulas - eleições!</i><br />
<br />
O que me chateia mesmo não é a relação deles para comigo, não... eu me ponho numa postura crítica, pois estou o tempo todo analisando a corja do <strike>Caracinza</strike>. O que me chateia é a relação deles com o povo, mais simples! Ouvi comentários de uma senhora no ônibus que vai votar no sERRA por que ele vai colocar mais médicos no postinho... Cara, não vão aprender nunca? Eles prometem as mesmas coisas por um século, ainda estamos acreditando? <i>é preciso deixar que se deteriore senão não teremos o que prometer nas próximas eleições</i>.<br />
<br />
esse não é um sistema que busca a perfeição, é sim um sistema que efetiva a manutenção. Não, não vão melhorar a saúde, não vão melhorar a educação, não, não vão melhorar a segurança pública - mas vão aumentar o número de policiais! Também vão aumentar o número de cadeias - claro, ou você acha que se tudo der errado eles vão parar em <i>escolas</i>?<br />
<br />
Aproveitam-se das relações patriarcalistas desse Estado <i>paizão</i> [sou adotado], que te põe de castigo se você desobedece a ordem, mas só te faz um carinho se você <i>fazer </i>por merecer [<i>obedeça a mamãe - desobedeça a ordem</i>]. ah... e as malditas relações clientelísticas - <span style="font-size: large;"><i>bom, quando pelo menos vão nos pagar uma janta?</i></span><br />
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Parem com as escolas, mas principalmente <b>CALEM OS PROFESSORES</b>! de preferência na matriz, nas faculdades, com péssimas aulas e principalmente <i>pouca discussão</i>. Paralelamente ao cálice geral, vamos desacreditando a profissão também, afinal, pra quê pensar <span style="font-size: large;"><i><b>SE JÁ ESTÁ TUDO AÍ, PRONTO PRA COMPRAR?</b></i></span><br />
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há muito vêm dizendo: tem algo errado com esse mundo. Eu digo: tem algo de errado é com a gente.Eduardo Montenegrohttp://www.blogger.com/profile/00736409205565351702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795377919268043067.post-42733529299339584442010-08-05T06:13:00.000-07:002010-08-05T06:13:03.611-07:00Engolindo Sapos - o nosso jeito de alargar a garganta.<blockquote>“Como é que um mundo virado de cabeça pra baixo sempre acaba se endireitando?” [Wilson]</blockquote><br />
Todos conhecem aquela velha história de que se colocarmos um sapo na água fervente, ele imediatamente tentará sair fora; <em>no entanto</em>, se lentamente o formos cozinhando, ele morrerá cozido na água quente praticamente sem esboçar reação. <br />
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Não sei se é verdade ou mentira, também não quero imaginar com que <strong>sadismo</strong> muitos resolveram testar isso para saciar sua curiosidade símia. No entanto, não é sobre o infeliz batráquio que quero me deter nesse post, mas sobre a <em>irresponsabilidade humana de se aceitar enquanto o batráquio em questão</em>.<br />
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<span style="font-size: large;"><strong>Como foi que chegamos nesse ponto?</strong></span><br />
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Sempre me detenho num ponto da história quando procuro exemplos que exemplifiquem a inépcia da razão: a ascensão, ápice e queda <strong>(?)</strong> do nazi-fascismo. Não sei se é uma fixação, mas quase sempre quando me ocorrem questionamentos sobre a nossa irracionalidade, é lá que vou fixar meu <strong>ceticismo</strong> sobre o coração humano. <br />
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Mais uma vez, sigo: Imagino uma população alemã ofendida & destruída por uma guerra promovida pelo orgulho de seu Estado. Essa população<em> tem</em> de engolir o peso (repassado, pois o peso recairia no Estado) do famigerado <em>tratado de Versalhes</em>. Inflação inimaginável, destruição, caos... são seres humanos submetidos, ora.<br />
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<em>Antes de continuar</em>, um detalhe: <strong>diferenciemos</strong> o povo, a população, do Estado alemão, e dos governos que advirão. Uma ideologia de Estado recai sobre um povo, <em>ainda mais</em> um povo naquela condição. Uma breve lida nos capítulos de livros escolares sobre este tema e saberemos de forma bastante simples que a ascensão de Hitler se deu através da propaganda e da eleição de bodes a expiar. Não é que o povo fosse inocente, <strong>não creio em inocência em gente adulta</strong>, mas a situação era bastante propícia inclusive para se <strong>expiar</strong> responsabilidades à quem quisesse abraçá-las – no caso, o Estado.<br />
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Um <em>partideco</em> saído de uma cervejaria começa a angariar popularidade, pregando o fortalecimento de uma Alemanha destruída, a recuperação de seu orgulho, de seu exército, investindo na idéia de um país superior para um povo superior como eram os arianos... <strong>a melhor cantada naquela mulher horrenda era a beleza do branco de seus olhos</strong> – conquistou-a e estuprou-a, <em>mas quando foi que ela se deu conta</em>?<br />
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Como pôde um povo que se dizia (ou que disseram por ele) <em>tão superior, culturalmente instruído</em>, deixar passar impunemente a perseguição e o assassínio de milhares, <strong>milhões</strong> de pessoas? Judeus, homossexuais, religiosos, intelectuais opositores, desertores, doentes... A maioria da população no mínimo desconfiava... Tantas evidências!<em> E no entanto, deixavam passar</em>...<br />
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Submetidos pela ideologia do Estado [mas também por <em>algo de ruim </em>que o espirito humano carrega], os alemães, antes rebaixados, viam-se num suposto esforço coletivo pela revalorização da Alemanha. <em>Que se expulse um ou outro judeu, se é pelo bem da Alemanha. Eles vão ficar bem, estão indo para os campos, estão indo pra Polônia, estão indo trabalhar. Esses judeus vêm para a Alemanha e enriquecem às nossas custas, tomam nossos postos de trabalho! Um povo sem pátria, querendo tomar o mundo!</em><br />
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E assim, <strong>sob as vistas grossas </strong>dos alemães que confiaram ao Estado <em>Força & Poder </em>para tirar do caminho o que quer que fosse pelo bem da Alemanha, milhões de pessoas morreram – e <strong>foram extremamente humilhadas </strong>antes de morrer, por meses, por anos. Será que ainda eram humanos antes de morrer? Até onde vai a dignidade do ser humano? <em>A pergunta é para o rapaz sentado na primeira fila, o do uniforme da Gestapo, bem ali.</em><br />
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<span style="font-size: large;"><strong>Bem, isso é um exemplo. </strong></span><br />
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Acho que ele explica bem como reagimos (ou melhor, <em>não reagimos</em>) ao <em>estado de las cosas</em>. O mundo não ficou pior de repente. Ele <strong>vem </strong>ficando pior ao longo dos séculos. <strong>O século XX foi absolutamente o século mais populoso, mais poluidor, mais violento (consideremos inclusive a violência indireta à continentes inteiros através do capitalismo), mais explorador, mais medonho, mais terrível e mais consciente de que estava fazendo tudo isso que qualquer outro</strong>. O século do <em>pogreso</em>.<br />
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É num contexto de capitalismo selvagem (<em>graurrgh</em>) que as pessoas já nascem. Já começa (como sempre) desiguais: nascer em berço de <em>ouro </em>ou em berço de <em>outro</em>. A competição começa na escola (os da escola pública... bem... <em>competir com quem</em>?) toca-se a vida preocupado ou com o vestibular ou com o que comer, arruma-se uma faculdade ou um emprego (<em>ou uns bico</em>). Disputa-se por amor, e por ódio, e por medo. Vive-se nessa <em>vida cheia de aventuras! </em>até a morte – que tempo para pensar nos outros!? Tem alguém passando fome? Vai procurar um emprego, vagabundo! <em>Não tem vergonha nessa cara suja</em>?<br />
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Nascemos numa água confortável, temperatura amena... caímos nesse mundo sem ter consciência dos <strong>trabalhos</strong> que teremos que fazer, das <strong>humilhações</strong> que teremos que passar, de quantos <em>sapos</em> teremos que engolir, de quantas <strong>liberdades</strong> teremos que <strong>abdicar</strong>, quantas vezes teremos que<strong> abaixar nossas cabeças,</strong> quantas vezes vão nos <strong>roubar moral e financeiramente</strong>, das <strong>doenças</strong> que vão nos infligir, das idéias que vão nos <strong>podar</strong>, das transas que vão nos <strong>brochar</strong>, das flores que nos vão <strong>abortar</strong>... aos poucos, bem aos poucos, vamos saindo do nosso <strong>charco umbilical,</strong> e vendo o mundo... vamos perguntando, vão nos <em>semi</em>-respondendo, e quando nos revoltamos, temos só parte de nossa geração a caminho (a menor!), e dezenas de outras ou dando os primeiros passos rumo ao questionamento ou já no processo de acomodação <strike>à sauna </strike>ao <em>status quo</em>.<br />
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<strong>A água vai ficando quente</strong>. Alguns adolescentes vão sentindo as cadeias que os prendem, pois se <em>mexem</em>. Sentem o peso de grilhões invisíveis – e não fazem idéia das toneladas de aço e concreto que os prendem a esta terra. Gritam, esperneiam, entram na fase adulta, <strong>a água vai esquentando</strong>, muitos já começam a parar, muitos espasmos, gritos, há ainda que tentar, vamos até a morte; a água já está insuportavelmente quente, mas à volta nenhum sapo reage... o sapo se vê sozinho e, fechando os olhos pensa:<em> esses jovens, tsc tsc tsc...</em><br />
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<em>As desgraças são tantas que vamos achando que é normal</em>, que é habitual. Kundera comenta no livro <em>A Cortina</em> a respeito de um livro da primeira metade do século XX, onde um sujeito não suporta o som dos automóveis que começam a pipocar pelas cidades. Cada vez mais carros tomam as ruas e o sujeito já não consegue dormir. Muda-se para o interior, mas mesmo lá os carros começam a surgir, e com eles o insuportável som dos motores à combustão. No fim, o sujeito acaba dormindo em trens, viajando de um lado para o outro – o som dos trens lhe remete a tempos também barulhentos, mas aos quais <em>ele já se acostumara</em>.<br />
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Kundera é enfático: <em>só nos damos conta enquanto é o começo de tudo</em>. Vamos nos acostumando aos poucos, e nossos filhos já pegarão o bonde andando, nem ligarão. Durante a escravidão, muita gente sequer se perguntava sobre a dignidade dos negros. Durante o nazismo, apesar das evidências, ora, os judeus não tinham mesmo pátria, eram ricos e tomavam nossos empregos, então que saíssem por bem, se não quisessem ser expulsos por mal; durante o Brasil república, inúmeros escândalos de corrupção na política, mas são tantos... <span style="font-size: large;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">polícia que age como cão de caça, justiça para poucos, sub-empregos, baixos salários, sociedade do consumo quantitativo, a questão do lixo, dos menores abandonados, do crime organizado, das drogas e do aliciamento de menores... do imperialismo e do fanatismo, da hipocrisia não-praticante católica, do jeitinho e do suborno, da cerveja é da violência contra a mulher, dos acidentes no trânsito e do racismo, da homofobia e do trote, dos bancos de trilhões e dos trabalhadores de tostões...</span> [mais reticências...]</span><br />
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...a água evaporou faz tempo: estamos, isto sim, é <em>fritando</em> na panela. <br />
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<strong>Mas tem quem goste do bronzeado.</strong>Eduardo Montenegrohttp://www.blogger.com/profile/00736409205565351702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795377919268043067.post-49516125236728798012010-08-03T07:01:00.000-07:002010-08-03T07:01:24.755-07:00Atabaques do Inferno: não há saída quando se cai no abismo que se é.Estava pensando sobre <em>Silêncio</em>.<br />
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O velho Wilson, certa vez, comentou em seu mais conhecido livro, que tinha visto verdadeiras <strong>catarses</strong> coletivas resultantes da leitura em voz alta de poesias, ritmadas pela música ao fundo... Os poetas de rua, e daí já são pensamentos meus, seriam presos? Que efeito político suas poesias causam, quando movem uma turba que pára seus afazares para ouvir melodiosas palavras sublimarem ainda mais suas almas?<br />
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No Ocidente, a poesia escrita não é levada muito a sério como forma de aprofundamento-em-si coletivo. Lemos, sim, as poesias, mas quantas vezes nos sentimos tomados por elas? Imaginemos: se lêssemos uma poesia que muito amássemos para as pessoas na rua, será que elas se sentiriam <strong>tomadas</strong> como nós? ou será que tentariam interpretar a poesia de modo racional,ou será que ainda nos chamariam de loucos e nos mandariam <em>tomar no cu</em>? Não sei, mas nao consigo ver ninguém pegar na minha mão e dizer um elogio, ou qualquer coisa do tipo. <em>Aqui preferimos ouvir coisas que não nos digam nada sobre nós mesmos</em>, pelo menos não tão diretamente quanto um <strong>soco poético.</strong><br />
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No Oriente, o silêncio é mais valorizado. Imagino que, quando uma palavra é dita, ela se faz necessária. Eis o valor que a poesia recitada pode ter: quer coisa mais importante contra a feiúra do mundo do que os jogos poéticos? É uma verdadeira válvula de escape, a verdadeira religião, a única coisa que faz mais sentido num mundo de <em>menos </em>sentido [e de muita continência]. Não estou generalizando; na verdade, penso que essa tradição está sendo massacrada pelo culto ao <strike>Caracinza</strike>. Mas, o silêncio vaga pelas ruas e fazendas, e inevitavelmente, esbarraremos nesse abismo quando menos esperarmos.<br />
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<span style="font-size: large;"><strong>Já pensaste como as pessoas são apegadas aos sons?</strong></span> Quantas pessoas apreciam o silêncio e o cultivam como filosofia de vida?<br />
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<em>Acho que o <strong>barulho </strong>é uma anestesia</em>. Ele nos confunde de um jeito que gostamos, nos faz pensar em outras coisas. Quando estamos nas ruas, estamos com nossos MP3's; quando estamos em casa, sentamos-nos em frente a televisão (e muitos ibus só dormem se a televisão estiver monologando com eles); no comércio, gritaria & sofrimento com os alto-falantes malditos tentando nos convencer através de tímpanos danificados a longo prazo; entre amigos, é sempre necessário que as mandíbulas estejam trampolindo inúmeros perdigotos por sobre os acepipes e beberagens; enfim, o som <strong>deve</strong> estar presente.<br />
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Estar no silêncio é deparar-se consigo mesmo. Não é meramente um espelho, não há sequer imagens para se distrair. Cada segundo é um <em>crescendo</em> de um estalar de dedos até um tapa na própria cara. Vai-se dando conta de si mesmo e de que seus pensamentos são incompletos e bobos, de que está sempre faltando alguma coisa, e de que se é minúsculo, de que se existe uma ilha você não está nela - você está vendo-a, <em>nada, nada e nada</em>, e sente que <strong>nunca</strong> vai alcançá-la.<br />
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Há um certo medo de se ver no silêncio. <strong>Ninguém gosta de gente negativa</strong>.<br />
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Para não ficar sozinho nunca, o homem inventou deus(es) e amigos imaginários. Deus é um amigo imaginário <em>mais completo</em> por que, pelo menos em tese, te policia e <strong>te impede</strong> de pensar besteiras [pois você pensaria, se não estivessem te policiando]. Então você nunca estará na presença do que você é, mas daquilo que <em>deve ser</em> perante um deus que pode te punir ou te recompensar. Há um certo prazer escatológico nisto, talvez. <em>Enquanto houver deus, o ser humano nunca estará sozinho</em>: pode falar consigo mesmo como se estivesse falando com o super-ego, pode ir na igreja e se sentir aliviado por ter falado com deus [<em>menos peso para carregar pro próximo pecado!</em>], e também pode brincar de se esconder da onipresença e da onisciência quado comete seus <em>pecaditos</em> - viu? deus é o melhor amigo do homem [o segundo é a <em>polícia</em>].<br />
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Profundamente vazios - porém, altamente criativos, verdadeiros arquitetos de verdades universais! mas nada vence uma vida em silêncio. O nirvana é o silêncio, a consciência de si é silêncio. é a pura realidade de não ser nada, além do tudo - uno. Mas o nosso <strong>egumbigo</strong> precisa de barulho, precisa das luzes da cidade, precisa do show bizz!!<br />
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<strong>Imagino uma cena.</strong> Ela acorda as 5.30 da manhã com o rádio-relógio. Levanta-se, liga a TV e então desliga o rádio-relógio. Toma seu café da manhã enquanto troca de roupa, escova <em>alguns</em> dentes, pluga o fone no celular e ouvindo música, desliga a TV; sai. Vai ouvindo repetidamente a mesma playlist durante o longo trajeto de metrô e de ônibus e no longo caminho à pé. Chega no consultório, e se põe a falar as bobagens que fez no dia anterior, as notícias que ouviu no rádio, ou comentar o entretenimento barato da internet. Suas colegas de repetem o mesmo exercício de <strong>massacre</strong> ao <em>silêncio pelo silêncio</em> e só se calam quando sentem que precisam se fazer sérias pelo trabalho - mas estão no MSN, ouvindo música em fones minúsculos, cantarolando alguma coisa que não se sabe o quê [e nunca], mandando mensagens pelo celular, enfim: interagindo pelas palavras, de alguma maneira.<br />
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na hora do almoço o mesmo <strong><span style="font-size: large;">blá blá blá,</span></strong> a mesma ladainha, não se respeita sequer a comida que está na boca, que cai no prato sub-repticiamente, mas logo é coletada e tragada novamente. Tudo se repete até o fim do dia de trabalho, quando ela conecta de novo o plugue no celular e ouve as mesmas músicas no longo trajeto de volta pra casa, por horas a fio.<br />
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Entra em casa, liga a TV e então desliga o celular [a música; o celular nunca pode estar desligado]. Os tímpanos não podem parar, como os atabaques do inferno. Ouve a novela e o jornal enquanto prepara qualquer comida e <strong><em>espera</em></strong> <strong><em>até que tenha certeza de que o sono está tão forte que o tempo entre desligar-a-televisão-colocar-cabeça-travesseiro-REM seja irrisório</em></strong>. Não há silêncio sequer em seus pensamentos.<br />
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Um dia, <em>porém</em>, <strong>há um porém</strong>: ela chega em casa após o serviço, e percebe que não tem energia em casa. A bateria de seu celular acabara no metrô e ela já <em>tivera</em> que caminhar em sua própria companhia por vários quarteirões - experiência nada agradável. Ela vai para a rua, vai procurar pessoas [detalhe, ela costuma falar sozinha também]. Não se pode suportar uma noite inteira sem televisão, sem música, sem palavras. Vai para um barzinho, mas logo se enche - não se consegue ficar uma noite inteira num barzinho pela pura necessidade do barulho: uma hora ela <strong>tem</strong> que voltar: nem sempre suas amigas estão a fim de jogar conversa fora. Ela entra em casa, tateia a mesa, coloca sua bolsa. vai para o quarto, tateia a cama. se cobre e tenta dormir, afim de esperar para ver se a energia volta. não tem sono. Só tem <em>ela</em>, o <em>peso</em> do corpo e o breu da <em>noite</em>.<br />
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silêncio.<br />
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Repentinamente, ela lembra da mãe. Lembra que não a vê a meses. Lembra da forma carinhosa como a mãe a tratava e da forma rude que ela tornou-se. Não quer se lembrar. lembra, sem querer do ex-namorado, principalmente dos bons momentos, claro - mas não lembra de forma boa, mas com um peso no estômago - não quer lembrar de como acabaram. Lembra dos sonhos de infância, de que queria ser médica, mas acabou sendo secretária de um dentista e nunca mais sonhou de verdade. Pensou que estava com fome, mas lembrou de um programa que viu um dia antes na TV que mostrava cenas horríveis de crianças passando fome no nordeste [e que ela não mudou de canal por que não se sentiu ameaçada pelas imagens]. Lembrou que sua vida era medíocre e que nunca tinha vivido sequer UMA experiência que marcasse a vida dela de forma a ser inigualável. Lembrava que estava ficando velha, e que não tinha amigas de verdade, que seu salário não era suficiente e que morava num apartamento horrível. Lembrou-se dos irmãos, lembrou-se dos almoços de domingo, lembrou-se das brincadeiras... sentiu-se pequena e incompleta. Não sabia o que fazer, nem o que pensar. Queria dormir, mas a bateria de seu celular tinha arriado e ela não podia ouvir música para se distrair, não podia sequer ligar pra alguém. A noite caíra, e era perigoso sair. Tentou cantarolar, mas não lembrou de nenhuma música; tentou lembrar de cantigas de ninar, mas só pode cantarolar & grunhir. Sua voz estava embargada e pensava que nunca na vida queria se sentir tão só de novo: compraria um rádio à pilhas.<br />
<em><em><blockquote><em><em>"E se você olhar longamente para um abismo, o abismo também olha para dentro de você</em></em>" [Nietzsche]</blockquote></em></em>Eduardo Montenegrohttp://www.blogger.com/profile/00736409205565351702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795377919268043067.post-66804539452115124172010-08-01T20:27:00.000-07:002010-08-01T20:27:08.837-07:00Cavalo-de-tróia. Nem queira saber quem está no fundo da caixa - ou melhor, você precisa saber.<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10pt;"><span style="font-family: Calibri; font-size: 11pt; line-height: 115%;"></span><br />
<span style="font-family: Calibri; font-size: 11pt; line-height: 115%;">Afinal, como deixamos em nossas asseadas casas, nossos recantos de paz, onde nada nem ninguém de fora pode vir nos obstruir de nossas vontades, de nossos desejos, enfim, em nosso castelo, viver <b>um espião</b>?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10pt;"><span style="font-family: Calibri; font-size: 11pt; line-height: 115%;">está alí, em cima do <i>rack, </i>na mesa da cozinha, está <b>no quarto dos nossos filhos, </b>pendurada na parede, está lá, o tele-<b>visor. </b>Está dizendo, mas nunca ouvindo. Está transmitindo coisas incontestáveis, está nos mostrando o que nem sempre importa ver. Está exibindo a mesma coisa sobre alguns ângulos precisamente <i>pre</i>vistos.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10pt;"><span style="font-family: Calibri; font-size: 11pt; line-height: 115%;">Como deixamos uma caixa de propaganda <b>dominar </b>nossas vidas? Queremos tanto assim saber o que nos oferecem para comprar? Não nos oferecerão algo <i>melhor</i>?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10pt;"><span style="font-family: Calibri; font-size: 11pt; line-height: 115%;">Como nos rebaixamos à sua PROGRAMAÇÃO [mais uma submissão?!]? afinal, quem está programando quem, nós ou a caixa? Por que motivo perdemos horas e horas de nossas vidas assistindo os mesmos programas, e mesmo as reprises dos mesmos programas - e ainda mais, <b>as reprises das reprises das reprises dos comerciais</b>! E ainda dizem ser de utilidade pública! [<i>30 segundos sobre nossas cabeças</i>]<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10pt;"><span style="font-family: Calibri; font-size: 11pt; line-height: 115%;">Por que privilegiamos este eletrodoméstico? Por que nós estamos hipnotizados pela frequência? Por que o que esta caixa está divulgando parece ser tão mais apetitoso, tão mais bonito, tão mais interessante [<i>essa tv parecia mais bonita na tv...</i>]?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 10pt;"><span style="font-family: Calibri; font-size: 11pt; line-height: 115%;">Esta caixa não invandiu nossas casas, individualmente. Ela não entrou com suas próprias pernas: <b>ela fez pior, </b>nos con[venceu] ela foi trazida para dentro por nós mesmos, um verdadeiro cavalo-de-tróia.<o:p></o:p></span></div><span style="font-family: Calibri; font-size: 11pt;">Parecia mais bonita na prateleira, parecia inofensiva. Aliás, ainda parece inofensiva; principalmente quando desligo quando me vejo na tela, como num espelho... </span>Eduardo Montenegrohttp://www.blogger.com/profile/00736409205565351702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795377919268043067.post-91593602105526259332010-08-01T15:45:00.000-07:002010-08-01T15:45:36.771-07:00Os Cães que Precisam Ser Castrados - quem paga pra ver a peça geralmente se decepciona.Milhares de pessoas descendo a praça vestidos com uma máscaras e sobretudos indo de frente às forças militares... gastariam toda a munição contra as pessoas, mas ainda haveriam milhares descendo... não eram pessoas, eram uma idéia, eram sonhos, desejos, medos e esperanças... <span style="font-size: large;"><b><i>mas</i></b></span> o mais terrível é olhar as forças militares apontando as armas & esperando as ordens... será que são <i>imunes </i>à autonomia? Será que lavam suas mentes e os fazem perder suas identidades? Afinal, <i>uma cidade </i>enfrenta as forças militares: as forças militares são imunes aos ideais, será que tais <i>individuos </i>não podem nunca agir autonomamente, com uma moral toda própria?<br />
<br />
Bom, não creio que todos que estão nas forças militares seriam militares se pudessem optar antes de entrar. conheço pessoas que prestaram concurso para polícia, mas também para escrivão, para outros serviços e entregaram currículos para empresas privadas... por obra do acaso, acabaram na policia e tiveram suas almas arrancadas em doses homeopáticas. Já diria Liddell:<br />
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<blockquote><b><span style="font-size: large;">"Isso de que existem mais patriotas do que árvores é uma tremenda falta de previsão"</span></b></blockquote><br />
Mas no mundo capitalista (que é o que conheço), você não é o que faz, é o quanto recebe. Não importa se você bate para obter submissão, ou se constrói casas, ou se serve mesas... quanto você ganha, pois responde o que você é. <br />
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gosto <i>daquela parte </i>da História onde o exército se compreende enquanto primeiro, povo, e segundo trabalhadores, e entrega as armas ao povo que buscava autonomia. Se se compreenderam, ou se buscavam autonomia, <b>é uma dúvida eterna</b>, <i>eu não estava lá, </i>só me cabe interpretar o que tão dizendo por aí. Na verdade, sempre achei que a história <i>é muito pessoal</i> para ser levado à sério como <b>receita</b>. <br />
<br />
Mas voltando <strike>ao canil </strike>à força policial: <i>olha, eles obedecem ordens, são funcionários, a diferença é que são representantes do monopólio estatal da força bruta</i> <span style="color: #999999;">(e pouco cérebro)</span>, <i>também são trabalhadores, são os garantidores de que as liberdades civis e etc sejam respeitadas, vigias do onde começa os direitos de um terminam os do outro e blá blá blá... </i>tudo bem, poxa, a maioria dos trabalhadores sequer tem noção do impacto que seu trabalho gera na sociedade como um todo, como sua submissão serve de exemplo para seus filhos, do valor irrisório de seus salários frente a dignidade do ato de produzir-para-sustentar... uma certa inconsciência...<br />
<br />
O problema não é <i>a polícia</i>, mas o policial. Aliás, vários problemas...<br />
Mais precisamente, <b>a violência policial.</b><br />
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A polícia (e aí fica subentendido quando possível que se tratam das forças estatais que detém o privilégio de poderem ser violentos) <b>pode </b>ser violenta? os cidadãos, nesse caso estão sendo escoltados pela policia? isso é o que se entende por proteção? <i>Moras no centro, branco, homem, classe média e/ou alta, com ensino superior?</i><br />
<br />
Nada do quê pedi à polícia nos momentos em que acreditei nela foi resolvido. A polícia que fareja se põe inoperante quando preciso dela. Não tenho motivos para acreditar nela. Acho que poucos tem, inclusive.<br />
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Em verdade, <b>a polícia não pode cobrir o território todo: </b>se houverem 100 casas sendo invadidas na mesma hora na mesma noite, não haverão 100 viaturas disponíveis para cobrir as chamadas. Nem 10, quem sabe. Daí derivam duas coisas: um, a seleção dos atendidos, e dois, a colaboração do povo para o <i>status quo.</i><br />
<br />
<i>Quanto à seleção dos atendidos</i>: Se a polícia não pode (<b>e não quer!</b>) cobrir 100% do território (<i>há, chorem de rir, geógrafos tarados!</i>) ela vai selecionar aqueles casos que beneficiarão pessoas mais importantes, que vão fazer uma propaganda mais "eficaz" de seus serviços e validar as atividades da polícia... Colaboradores, entende. Vai ajudar pobre, e pobre ajuda depois? e o trabalho que dá? e pobre tem poder, e é educado? e sabe lidar com a lei & ordem?? <b>ahpaputaquepariu... </b><br />
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<i>Quanto à colaboração do povo</i>: Imagine um mundo onde as pessoas [<i>isso sempre soa monótono...</i>], de repente, se dessem conta de que todo o sistema capitalista sofreria um abalo praticamente irrecuperável se todos tirassem, ao mesmo tempo, o dinheiro que está nas suas contas no banco. Dificil... a maioria das pessoas <i>nem pensa no capitalismo. </i>Agora, que tal uma coisa mais <i>concreta</i>, mais presente em nossas vidas... tipo: <b>vingança, tipo violência, roubos, benefícios ilícitos e usos irregulares de coisas e idéias, coisas ilegais</b>, entende? imagine se as pessoas desse <i>mundo de morango </i>de repente se dessem conta que se todo mundo invadisse as lojas, levasse tudo, invadissem as casas dos vizinhos, <strike>e o caralho a quatro, </strike>por que a polícia não daria conta de fazer sequer <i>o suficiente</i>. Agora, vamos converter (<i>vade-retro!</i>): e se fosse <i>o nosso mundo?</i><br />
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As leis, o Estado, o poder da polícia só existe <b><i>por que a maioria as instituiu assim, existentes. </i></b>O exército não atira no povo quando é o povo como um todo que marcha sobre eles, pois também são povo, ora! Mata-se a mãe, inclusive!! O respeito às leis, os advogados, as prisões, também só existe porque a maioria aceita isso.<br />
<br />
Mas agora vem o pior: <b>aceitar... </b>é um termo não muito correto. Nascemos sob esta bandeira, <i>nao nos perguntaram nada, </i>passamos boa parte de nossos dias de vida sentandos em carteiras onde nos dizem coisas que sequer nos interessam, que não nos fazem sentido e que em sua grande maioria sequer aproveitaremos de qualquer maneira. Não acho que aceitar seja a palavra, acho que não tivemos escolha.<br />
<br />
vão dizer: <i>não gostas da sociedade, saia, vá para floresta! </i><b>Thoreau </b>fez isso, e foram lá cobrar seus impostos! E tem coisas que eu amo que <b>estão </b>nesta sociedade, mas que não <b>são </b>esta sociedade, como minha família esquisita, meus animais de estimação (me convenço de que na verdade eu é que sou o animal de estimação deles), e a própria subversão e esperança de que um dia esta sociedade seja um bom lugar! O problema é <i>como a sociedade se conformou </i>(em todos os sentidos).<br />
<br />
<b>Uma velha brincadeira: </b>se não conhecêssemos esse mundo, e tivessemos que moldar um mundo sem saber em que posição cairíamos nele, aceitaríamos que existisse uma força policial que reprimisse as greves legítimas dos trabalhadores em busca de melhores condições de trabalho [lembre-se, você poderia vir como um policial, <i>ou como um trabalhador</i> - ou ainda como o filho faminto dele!!]? Aliás, você permitiria que existisse um mundo onde a exploração fosse tamanha a ponto de que trabalhadores se colocassem em estado de greve?<br />
<br />
<b>As coisas estão como estão por que a maioria não parou pra pensar no estado das coisas</b>. Simplesmente formam-se, ano após ano, milhares e milhares de jovens que jamais questionarão o<i> status quo, </i>e aliás, em sua grande maioria, estão mesmo é ativos para o consumo, preparados para competir: quem compra mais?! No mundo do ter, precisamos mesmo de polícia, e precisamos mesmo viver a ilusão de que estamos protegidos. Quando o medo aumenta, aumenta-se as verbas para as forças militares... e voltamos ao início de V de Vingança.<br />
<br />
Para mim, a polícia não defende o povo. Defende interesses específicos, de classes específicas. Seja filho de um <i>desembargador </i>e ande <i>desembargadamente</i>, mas seja o filho de um pai desconhecido, de um favelado, ou mesmo de um trabalhador <i>qualquer...</i> sofrerá as tremendas consequencias da lei, de acordo com sua posição social, pois claro. A lei não é para todos, mas para os bodes expiatórios.<br />
<br />
Os cães que gostam de morder, abuso de poder, usam-se os cassetetes, as armas, os punhos, o distintivo e os sacos pretos. <b>Somos todos filhos do Estado, preparem-se para os castigos. </b>Um dia precisarão deles, e verão <i>a quem </i>servem.<br />
<br />
Gostamos tanto assim desse cabaré depravado?Eduardo Montenegrohttp://www.blogger.com/profile/00736409205565351702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795377919268043067.post-37733518051437444052010-08-01T13:08:00.000-07:002010-08-01T13:08:21.315-07:00Coletivos Instantâneos - para aceitá-la, continue na linha após a identificação.<b><span style="font-size: large;">Gosto de Coletivos.</span></b><br />
<br />
Gosto da idéia de vários comparsas arquitetando e afinando suas <i>quintas-cordas</i>. Co-autoria é uma coisa que sempre mexe com concepções <b>há muito </b>arraigadas em minha mente. duas mãos e várias faces, ou uma face e várias mãos!<br />
<br />
Mas não gosto da <b>institucionalização </b>que alguns coletivos acabam promovendo. Começam como indivíduos em uma empreitada, e logo se tornam <i>corporações. </i><b>Entendo: </b>muitos coletivos têm receio de que pessoas estranhas ao grupo alterem a linha de pensamento habitual (isso é um <b>efeito colateral </b>mínimo) ou mesmo que prejudiquem o grupo, seja denunciando as atitudes ilegais que alguns coletivos trabalham eventualmente (efeito colateral dos brabos...), é compreensível, sim. Por isso gosto dos coletivos instântaneos, pena que nem sempre conseguimos dar um nome nesse filho tão bonito que tão rápido sai pro mundo.<br />
<br />
Fiz parte de vários coletivos instantâneos, invisíveis... convocações espontâneas, absoluta voluntariedade, sem pressão, sem forçar a ideologia de cada um... fantástico, <i>comunitas</i>.<br />
<br />
<b>Encontrar compadres, </b>eis a dificuldade... é preciso gerar confiança, e não só esperá-la dos outros. compartilhar as ações é um bom modo de ver <b>quem está afim da ação de fato. </b><br />
<b><br />
</b><br />
por isso <b>é bom que seja</b> espontâneo. A única coisa que sei sobre a índole de meus compadres (para com meus ideais) é o que acabaram de realizar. Se vou fazer uma ação e conclamo um compadre, ele pode ser covarde ou preguiçoso <i>até o último segundo; </i>então, só quando tá tudo lá, pronto, é que sei quem esteve ao meu lado. Mas tudo se repete na próxima ação. O mesmo disso tudo vale para mim: imagino que todos que me chamam para a ação, <i>possuem imediatamente uma memória do que eu represento, mas que só se confirma no exato segundo em que não há mais perigo.</i><br />
<i><br />
</i><br />
<span style="font-size: large;"><b>exigência do social</b></span><br />
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<b>não deveríamos perder as oportunidades de trocar idéias, mesmo que não seja apenas com nossos comparsas</b>. As vezes da pior conversa de buteco que se imagina brotam as flores mais coloridas de nossa criatividade. Mas é preciso estar atento, é preciso estar sempre ativo, consciente: <i>lapidar as pérolas foscas. </i>Sem contar que muitos compadres "surgem" numa conversa e de repente, alguém que você <b>nunca </b>imaginou está mexendo a panela de farinha e água.<br />
<br />
Se você nunca encarou uma psicotopografia noturna, nunca mexeu com tinta, nunca planejou uma invasão, um incêndio, fique atento: tem sempre alguém propondo algo nas entrelinhas. E de repente, <b>esse alguém é você mesmo. </b><br />
<br />
sair pela tangente e dançar em cima de um poste, só não vai quem já morreu - ou quem nunca viveu!<br />
Faça você mesmo tudo com as próprias mãos - e várias faces! <b>Juntemos-nos!! Coletivizemos-nos!!</b> <i>vivas aos piqueniques noturnos, sob os olhos de éris!</i>Eduardo Montenegrohttp://www.blogger.com/profile/00736409205565351702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795377919268043067.post-42295384818912939782010-07-31T22:12:00.000-07:002010-07-31T22:12:57.420-07:00Na Periferia - Uma psicoantropotopografiaAdoro as boas e velhas concepções burguesas de revolução social [<i>utopias de salão</i>]. Na verdade, diversas vezes me pego pensando de maneira a encarar o mundo composto por pessoas homogêneas: mesmos métodos, mesmos resultados; <i>doce ilusão!</i><br />
<br />
Um breve passeio pela periferia de qualquer cidade num fedorento sábado de sol e temos que encarar a realidade. A micro-esfera social que consideramos <i>mundo </i>(nossa cidade) está repleta de surpresas, principalmente por sobre a social-topografia.<br />
<br />
<b><span style="font-size: large;">Achamos mesmo que as pessoas querem mudar?</span></b><br />
<br />
pensemos diferente. e o crime organizado, por exemplo? o que acontece com a derrubada do Estado - ou pior, na sua substituição (é a tese de que devemos sempre ter um palhaço armado para nos comandar), estaríamos fortalecendo os outros micro-poderes? mas o ponto ainda não é esse, e sim: elas querem o quê? se a maioria não for <b>autônoma </b>em seus desejos, absolutamente abaixarão a cabeça para o próximo micro-poder que se impuser macro.<br />
<br />
entendamos: desejos diferentes. ideologias (ou antiideologias, ou a-ideologia), diferentes marcas, diferentes passados, diferentes futuros, planos, etc.<br />
<br />
no carona, observo: dezenas e dezenas de pessoas sentadas, à porta de suas casas, olhando o tempo passar [<i>flores secando</i>]. Não estavam em sua maioria conversando coisas úteis [no sentido de se organizar, melhorar sua situação, tentar sair daquele estado, etc], mas batendo papo, bebendo cerveja... relaxando de um sábado fedorento. Muitos dirão: estão sim, produzindo um capital social. Eu vejo de outra forma, é a Cultura Popular de Valorização da Ignorância como Forma Inconsciente de Protesto (alguns comentarão ainda como antiintelectualismo, mas já acho que não encaixa, prefiro a CuPoVaIFIP).<br />
<br />
Aquelas pessoas, alí, de bobeira, durante a semana toda, criaram uma forma de validação social própria: a recusa do status habitual burguês e sua aceitação do ritual de ter para fingir ser (nunca sendo); aquela população acabou não tendo (muita concorrência e exclusão por gerações - <i>as ondas correm do centro para a periferia, afastando tudo</i>) e sem saber exatamente <i>o que ser</i>.<br />
<br />
Calma, muitos já começam a tremelicar de indignação [<i>seu pequeno-burguês elitista!</i>], mas vou continuar. Vou na rapaziada de frankfurt e nas interpretações daquilo que se conhece hoje por indústria cultural (mas não vou me aprofundar, lá ra lá lá ra lá!) para dizer que, em muitas periferias, a cultura que se diria popular foi dilacerada de tal maneira pela cultura estandardizada, que não se sabe até que ponto é uma <i>esquizofrenia cultural </i>ou a emergência de uma identidade <i>dazed & confused</i>.<br />
<br />
Recusa-se o "ter", mas almeja-o. Abraça-o na primeira oportunidade, pois é o "ter" que mostra sua posição. Só se simula "ser" enquanto não se "tem". Só enquanto não se "tem" é que se valoriza o "ser" e se simula, pois. Enquanto a maioria não "tem", não tem problema, é sinal que tudo vai mais ou menos bem [<i>eu não estou tão atrasado, se meu vizinho também está atrasado</i>!].<br />
<br />
As filosofias de salão não abarcariam jamais a linguagem que se propaga pela periferia. Nem de longe estou deificando a "cultura esquizofrênica da periferia", nao estou nem vou deificar porcaria de cultura nenhuma. Não se trata de uma cultura <i>superior </i>por se propor livre da cultura burguesa. nenhuma nem outra, e nem nenhuma outra se põe superior - todas são boas ou ruins <i>dependendo do que se quer</i>. Por isso, repito, as filosofias de salão não conseguem falar a linguagem de que m <i>não sabe se quer</i>.<br />
<br />
Vão, socialISTAS, vão lá levar o <b>partidão </b>pra periferia, mas levem seu batalhão. AnarquISTAS, onde está a <b>organização</b>? e <strike>com mil diabos</strike>, como vão trazer os conceitos à realidade? Aquelas pessoas acreditam que estão sendo favorecidas de alguma maneira no estado onde estão. <span style="font-size: large;">Como mostrá-las que estão sendo prejudicadas, principalmente quando optam pela ignorância? </span>No fim, a única ideologia que alcança a todos, e bem, é a da Televisão.<br />
<br />
O Wilson falava idilícamente da posição da recusa, e nesse caso, muitos diriam: <i>oh, sim, eles estão se recusando a aceitarem o sistema como é! é uma atitude de rebeldia!</i> ressalvo: <b>não!</b> os melhores salários (<i>que nunca são os melhores salários!</i>) compram logo os <b>apetrechos de distinção, </b>compra-se uma moto, ou se <i>tuna </i>o carro [sórdida inocência], ou se compra um computador (159 gigas de puro espaço vazio), um celular que dentre tudo <i>bate bolos</i>, etc. <b>Quinquilharias; </b>logo "temos", sem nem mesmo "ser" - o "ser" aqui é meramente simulação, uma aceitação momentânea causada - penso eu - pelo desespero do não-saber o que fazer.<br />
<br />
mais um ponto para a rebelião pessoal...<br />
<br />
a busca pela conhecimento deve ser atiçada... cutuca-se a apatia até que ela se enfeze e perceba o demônio que lhe cerca. Mas nenhum passo será dado <i>sem a vontade própria do sujeito</i>. não será possível carregar ninguém: as utopias estão aí para encantar, mas o patético e <i>viver</i> <i>previamente</i> nelas! andamos nas brumas, mas pisamos no concreto.<br />
<br />
Quais passos daremos nessa enorme psicoantropotopografia?? - Cada um que faça o que estiver ao seu alcance, mas FAZENDO MESMO!!<br />
<br />
As pessoas estão sempre me surpreendendo. Eis um sábado fedorento de sol.Eduardo Montenegrohttp://www.blogger.com/profile/00736409205565351702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795377919268043067.post-81479232161169951482010-07-31T14:30:00.000-07:002010-07-31T14:30:06.864-07:00Vegetarianismo sim, pero no me rompa las pelotas<span style="font-size: large;">estamos aí de novo.</span><br />
<br />
<b>sobre minha posição vegetariana</b>: ouçam, não sou vegetariano <i>apenas </i>pelos animais, ou pela saúde, etc. a minha questão tem a ver com a <b>necessidade</b>.<br />
<br />
é, uma das coisas que essa merda de sociedade trouxe foi a variedade de alimentos. uma grande variedade, <i>infelizmente inacessível para a maioria</i>. A qualidade destes alimentos também é duvidável a julgar pela distância e de sua produção massiva. Teríamos de ter uma ótima organização e logística para manter essa variedade em condições de acesso para a maior parte da população. E como isso demanda ação de muitos ibus, desconfio de sua aplicabilidade... salvo pelo lucro. =/<br />
<br />
Uma parte dos ibus desse bolo'bolo enorme, a nossa imensa nave mãe, pode contar com uma alimentação vegetariana de qualidade. é realmente uma grande parte, principalmente as que vivem em cidades com mais de 50.000 habitantes já podem contar com uma ampla gama de vegetais - mas insistem em acreditar que a carne é necessária em suas vidas.<span style="color: #999999;"> [mera preguiça de pensar, ou de agir? ou os dois?]</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxBcLitNpkxi7qdVLxgMpqFOd4wsry8dwtGCHCyWGYF5FEktnMiEvLqOLqlZReStwSUrXLZk7jNKJS00rp3-hRbY5t345FAt6lxcYyr613pgs3bfLdjdo5-nyTLFCJCuU_ubMcQJnbIf_Z/s1600/matadouro01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxBcLitNpkxi7qdVLxgMpqFOd4wsry8dwtGCHCyWGYF5FEktnMiEvLqOLqlZReStwSUrXLZk7jNKJS00rp3-hRbY5t345FAt6lxcYyr613pgs3bfLdjdo5-nyTLFCJCuU_ubMcQJnbIf_Z/s320/matadouro01.jpg" /></a></div><span style="font-size: large;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: large;">Há <b>necessidade </b>de <b>matar </b>esses animais?</span><br />
<br />
Não tenham dúvidas, na hora da fome, e se um dia eu vier a passar fome, como já passei um dia há tempos, <i>não exitarei em comer um animal</i> - e <b>serei EU quem o matarei, </b>nada de delegar essa sórdida tarefa a outro [por mais que muitos sintam um sádico prazer nisto...]. Mas enquanto eu puder mantê-lo afastado de meu prato, por quê diabos não fazê-lo? <b>Qual a necessidade de levar dor e sofrimento a um animal quando não há necessidade?</b><br />
<br />
Isso me lembra uma coisa: diz-se que <i>é um absurdo propor uma alimentação vegetariana aos pobres do mundo. </i><b>replico: </b>é a alimentação mais barata e mais nutritiva (com relação a preço/porção) que a que privilegia a carne. A carne pode ser considerada um componente optativo da alimentação, já um ser humano que apenas tente viver comendo apenas carne terá sérias complicações (e porquê não dizer: se o faz <i>só de sacanagem, </i><b>merece morrer logo, </b>também).<br />
<br />
Voltando à problemática sócio-econômica, consideremos que a maior parte das pesquisas realizadas na qualificação da alimentação das classes C e D em países em desenvolvimento ou desenvolvidos (e não nas <b>NoGoZones</b>, esquecidas pelo <strike>Caracinza</strike>) traz à tona o<b> pior dos mundos</b>: <b>alta concentração de carboidratos e baixa concentração de fibras e vitaminas naturais</b> (e não aquelas feitas em laboratório e que provavelmente não serão absorvidas da melhor forma - a natural). Em miúdos (urgh!): os pobres consomem alimentos industrializados de baixa qualidade por preço relativamente altos. Converta-se 100 dólares de alimentação de uma família sub-urbana de 4 pessoas em compras exclusivamente vegetarianas e teremos uma alimentação altamente satisfatória - sem carne.<br />
<b><br />
</b><br />
<b>outro detalhe</b>:<i> as feiras de bairro</i>. <b>economia solidária</b>. o dinheiro circula dentro da própria comunidade, horticultores locais levam frutas e verduras fresquinhas para suas bancas, e a comunidade mesmo conhece o produtor, conhece a hortinha, etc... credibilidade para o produtor, saúde para o consumidor. Nestas mesmas feiras ocorre também a venda de carnes, mas a quantidade é muito reduzida, pelo menos nas feiras que eu conheço. <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiv95gnaFLIFjq4p_jaSPBNMSfM8q2scAoJRIY8vQJQ20leWtwyAw3Qqb5bA3A8_h2K_lQYXtW1EarwX8doP8NO0DDAUow3MhkbMSTYPWkIZTbi29nLIXmx16_Cm5qiGx26eB50enLDO_CC/s1600/feira_hortifruti.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiv95gnaFLIFjq4p_jaSPBNMSfM8q2scAoJRIY8vQJQ20leWtwyAw3Qqb5bA3A8_h2K_lQYXtW1EarwX8doP8NO0DDAUow3MhkbMSTYPWkIZTbi29nLIXmx16_Cm5qiGx26eB50enLDO_CC/s320/feira_hortifruti.jpg" /></a></div><br />
para os <b>balançadores-horizontais-de-cabeças</b>, exercício rápido: quanto custa o quilo da alcatra, e quanto custa em média o quilo dos vegetais mais usuais na cozinha brasileira (cenoura, batata, tomate, abobrinha, inhame, mandioca, etc).<i> <span style="color: #999999;">pense, guri, pense!</span></i><br />
<br />
<b>Detalhe transversal</b> (momento de tensão): não sou xiita. Consuma sua peça de picanha (aliás, que é sua agora, por que antes era de um animal), sua linguicinha (a mais limpa das carnes, altamente digestória), etc. mas consuma com moderação [ahhh, já ouço o grito de pavor dos defensores dos animais!!]. <b>Atente</b>: se mesmo a FDA é capaz de admitir (mesmo com suas fantasmagóricas ligações com as indústrias<strike> da morte </strike>da carne estadunidenses) que a três porções de carne de 125g por semana são suficientes (esses dados estão certos? responda se puder há há há) para uma dieta regular,<i> o que você está fazendo deglutindo um boi inteiro no final de semana, bifinho-linguicinha-salsicha-asinha-coxinha-presunto-<b>morta</b>dela durante a semana toda</i>? há, decerto, um certo exagero; falta de educação é abrir a boca enquanto come, <b>mas os olhos tudo bem.</b><br />
<br />
Portanto & resumindo: não estou propondo que te tornes vegetariano, pelo amor aos animais, por ser contra o mc'dolar etc, mas simplesmente pela <b><span style="font-size: large;">desnecessariedade </span></b>deste consumo. Se não puderes, ao menos diminua, sua saúde também vai agradecer.<br />
<br />
<br />
lembre-se de fazer a diferença onde puderes. Não interessa o que o outros estão fazendo, mas aquilo que tu podes fazer.<b> Propaganda pela ação, pela atitude</b>. Pergunte-se "<i>se faz mal para mim, e para os animais, se condiciona seres humanos ao exercício tenebroso do assassínio doloroso por dinheiro, se não é necessário para minha alimentação, por que estou comendo?"</i>. cada dúvida é uma porta, só não podes deixá-las fechadas.<br />
<br />
p.s.: caso tu me digas <i>"consumo carne sim, não me importo com os animais, nem com desnecessariedade, nem com a remota possibilidade de isso afetar minha saúde, nem com a questão da ética sobre o assassínio, etc, e foda-se"</i> então seus argumentos se tornam automaticamente imbatíveis (questão de fé), e você <b>nunca </b>estará errado. Quando seu cachorro morrer, faça um guisado dele. <i>Aliás</i>, porque não podemos ser canibais? nota-se o desperdício de comida que a morte humana provoca? - deveríamos ao menos enterrar os mortos sem caixões [seria uma ótima terra para uma horta, ao menos servíriamos para alguma coisa depois de nossas vidas inúteis]. Se é para comer carne, vamos comer direito! carne humana não é venenosa, e se não é saborosa é por quê erraram no tempero, bolas! [até<a href="http://www.youtube.com/watch?v=mYyDXH1amic"> hamburguer biônico</a> dizem que é saboroso!]Eduardo Montenegrohttp://www.blogger.com/profile/00736409205565351702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795377919268043067.post-90043687814655131862010-07-31T09:47:00.000-07:002010-07-31T09:47:06.798-07:00O Longo Caminho de Volta a Si Mesmo - a implodir para construir.<strong>Non</strong> acredito em transformação social sem antes... <em>rebelião pessoal.</em> <span style="color: #f3f3f3;">[mais um, mais um!]</span><br />
<br />
Sim, é preciso armar a guerrilha e percorrer todos os cantos infectos de nosso cérebro em busca dos cães de guarda do <strike>Caracinza</strike> e exterminá-los, para depois interrogá-los [tal como fazem seus clones materiais no mundo real].<br />
<br />
Eles estão <em>mijando & marcando</em> território em nossas cabeças, de modo a termos que passar de cabeça baixa frente aos nossos pensamentos mais sublimes, fingindo não os reconhecer [não negue a jesus três vezes!]... quando aprenderemos?<br />
<br />
a grande tábua de mandamentos foi pintada por um cão, quando entenderemos que não precisamos obedecer?<br />
<br />
Simulação por simulação, dançaremos quando for preciso - mas cada passo fora de seu ritmo.<br />
<br />
é preciso dar o primeiro passo na nossa psico-psicotopografia, enveredarmos-nos nas nossas merdas mais bizarras para enterdemos o quê, afinal, somos, <em>e não aquilo que querem que sejamos</em>.<br />
<br />
estou propondo, como muitos, a autoavaliação, o re-conhecimento conhece-te a ti mesmo, já dizia o Sócrates. <br />
<br />
<span style="font-size: large;"><strong><em>A RECEITA-prima</em></strong></span><br />
ouvir o silêncio, ficar com ele, não abrir mão de sua companhia. Desligue a TV e outros anestésicos. Relaxe mas não perca os olhos. Não se bloquear, deixar os pensamentos fluirem, mas principalmente, ficar a espreita dos cães - os distraia primeiro, para depois de todo o pensamento ter dançado no palco de sua imaginação, matá-los [de preferência com uma <a href="http://www.youtube.com/watch?v=9VDvgL58h_Y">colher</a>].<br />
<br />
<em>conheça seu carrasco</em>, aquele que te mata por dentro, aos poucos, como um câncer... entenda-o e seja um com ele. saberás suas técnicas e poderás ajudar outros a conhecer os carrascos deles. [Mas lembre-se, a oferta é de opção, e não de obrigação. cada um que faça o que estiver ao seu alcance, mas não culpe a ignorância. O paraíso não é dos ignorantes, é dos idiotas. O pior cego é o que <span style="color: #f3f3f3;"><strike>vê TV </strike></span>não quer ver.]<br />
<br />
somente quando uma grande quantidade de ibus estiverem se degladiando dentro de si mesmos, poderemos pensar numa transformação do social (a somatória dos eu's cientes de que são outros também). Enquanto isso, <strong>nada feito</strong>: estaremos constantemente lidando com ibus escondidos atrás de uma única máscara plantada pelo <strike>Caracinza</strike> (e que nem sabem disto...).<br />
<br />
dancemos sobre nossas cabeças, então.<br />
<br />
<span style="color: #999999;">p.s.: classicamente, revolução é um termo tão idiota que nem merece ser usado. dar uma volta para chegar no mesmo ponto? não, obrigado: <em>a linha é reta, mesmo em seus atalhos</em>.</span>Eduardo Montenegrohttp://www.blogger.com/profile/00736409205565351702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795377919268043067.post-9684645632598664122010-07-31T00:26:00.000-07:002010-07-31T00:26:02.792-07:00O Cordeiro Conscientemas que diabos, eis a pregação do dia:<br />
<br />
<blockquote><i>"não negue a jesus, foi por você que ele morreu na cruz"</i></blockquote><br />
<b>primeiro</b>: jesus <b>who</b>. Realmente existiu? <i>fikamistério</i>.<br />
<br />
<b>segundo</b>: se morreu há dois mil anos atrás deveria supor que teria <b>margem de erro</b> em sua credibilidade. <br />
<br />
<b>terceiro</b>: Se o sujeito hipotético se auto-proclama o salvador da humanidade e morre por<span style="color: #d9d2e9;">nôs</span>nós, devemos venerá-lo por milênios, <i>porém</i>, se uma criança que não se proclama salvadora da humanidade e passa pela situação abaixo<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWdf8YQYTOPfVQRlkkSMoB3EJKxM7CDv8I3FooCScyDXWshwu-orZWD5Nn-DqRnWfY808uk3RCAIn31fbxOculnaxDYBXelw5peDg8Vh6zOxS2_3mRG-J6uXFdMJCYxTk6uXz-rZO4oiyb/s1600/sudanese-child-stalked-vulture-pulitzer-prize.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWdf8YQYTOPfVQRlkkSMoB3EJKxM7CDv8I3FooCScyDXWshwu-orZWD5Nn-DqRnWfY808uk3RCAIn31fbxOculnaxDYBXelw5peDg8Vh6zOxS2_3mRG-J6uXFdMJCYxTk6uXz-rZO4oiyb/s320/sudanese-child-stalked-vulture-pulitzer-prize.jpg" /></a></div>sem ter consciência de que a gigantesca maioria da humanidade sequer espantaria o abutre, devemos apenas ver a foto, dizer "<i>nossa</i>..." e continuar nossa busca pela infinitésima punheta mental mal-sucedida?<br />
<br />
seria a pequena menina, observada por um abutre, <b>o verdadeiro salvador da humanidade</b>? lhe teria faltado <b>propaganda </b>de seu intento? só saberemos de seus feitos milagrosos daqui a 300 anos?<br />
<br />
Ouçam rapazes da igreja, <b>SE TOQUEM</b>. Jesus morreu, <b>não me encham o saco com seu cadáver</b>, ao invés disso, promovam suas idéias, tornem-se vocês mesmos os discípulos verdadeiros do belo (porém de duvidável autenticidade) Jesus, com J maiúsculo. Ao invés de venerar aquele suposto filho de vosso deus, venerem essa pequena sofredora <b>QUE MORRERIA POR CAUSA DE NOSSOS PECADOS</b>.<br />
<br />
façam alguma coisa com suas bundas gordas & brancas. parem de dar <strike>a bunda </strike>o dízimo para a igreja e transfiram tal renda para coisas realmente importantes, rasguem a carteirinha de <b>diácono chupão</b> e vão fazer algo de importante. <i>O quê deve ser feito</i>? dios, vocês estão sempre à procura de um pastor?!?!?<b> PAREM E PENSEM POR SI MESMOS POR UM MINUTO.</b><br />
<br />
finalizando: esse mitológico jesus deve mesmo ser admirado, em muitos de seus aspectos (nem todos...). venerado? já é demais... agora, abaixar a cabeça por que um homem disse, há milênios, que era filho de deus, e <b>era bom num teatro secret</b>o, ahpudiabo. <span style="font-size: large;"><b>Tem um monte de gente morrendo por NOSSA CULPA e não por NOSSA CAUSA, e a gente não tá nem aí, neh?</b></span><br />
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só um ps, o fotógrafo da foto acima espantou o abutre e voltou ao trabalho. ganhou o prêmio pulitzer, mas foi assombrado pela dúvida sobre o destino daquela criança. suicidou-se anos depois. Eis o verdadeiro cristão? refletiu toda a nossa culpa num ATO e não numa IDÉIA. E AÍ, quem tá fazendo o mesmo? pelo menos eu não to enchendo o saco de ninguém para aceitarem aquilo que sequer eu aceitei.Eduardo Montenegrohttp://www.blogger.com/profile/00736409205565351702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795377919268043067.post-48871427685202650502010-07-30T23:56:00.000-07:002010-07-30T23:56:50.097-07:00Arte de Rua - 24/7 open and freehá quem pense que a arte de rua é antifuncional, ineficaz, sem sentido, ou simplesmente inútil.<br />
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<div style="color: #cccccc;">antifuncional por que, tendo ou não conteúdo ideológico, provocaria mesmo o desprezo do cidadão comum, acostumado a ver nas tintas e papéis inabituais em paredes convencionais a simples revelação do vandalismo da junventude da periferia.</div><div style="color: #cccccc;"><br />
</div><div style="color: #cccccc;">ineficaz por que, se tem caráter ideológico, não atinge a massa, que no que foi exposto anteriormente, não consideraria um canal de informação <i>bárbaro</i>. e se não tem caráter ideológico, mas está alí evocando a pura beleza, tem que superar imensamente a burra beleza de uma obra de arte presa num museu e concebida para isto - senão a arte de rua não é sequer considerada.</div><div style="color: #cccccc;"><br />
</div><div style="color: #cccccc;">sem sentido porque os rudimentares métodos da esquerda ortodoxa preferem operar dentro dos meios legítimos (ou pelo menos se tornou isto), ou que pelo menos concentre suas forças e idéias em ataques concretos - ainda hoje temos dinossauros que não acreditam no poder das memes!</div><div style="color: #cccccc;"><br />
</div><div style="color: #cccccc;">e inútil por que - pensamento geral - é perda de tempo, dinheiro, idéias e um risco desnecessário - <i>pra quê vandalizar</i>, <i>se ninguém sabe se vamos lucrar com isso?!</i></div><br />
pois bem: acredito, sim, na arte de rua; acredito, mais, na confabulação entre os artistas de ruas, nos ataques simultâneos e no sistema <i>dazed and confused</i> que ataques bem planejados podem provocar [esconda o osso no focinho do cão e ele nunca irá se encontrar]. Luther Blissett sacaneou a mídia de uma Itália, e até hoje seu nome ressoa como um marco. Mudaram os nomes, e o <strike>Caracinza </strike>ainda não aprendeu, continua caindo no buraco coberto com palha.<br />
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<b>Estou produzindo</b>. Grafitti, colagens (lambe-lambes), zinagem subversiva (metadidática da subversão <i>para crianças temporariamente presas nas escolas</i>!), etc, por onde quer que eu passe. Elaborando e desenvolvendo em contato com outros (que horrível se auto-depreciar "artista") artistas. Co-elaboração. Não devíamos nos separar nunca - um verdadeiro <b>sindicato negro </b>- e<i> à deríva no tempo e no espaço!</i><br />
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Convoco todos ao Teatro Secreto enquanto houverem olhos, e às badaladas inaudíveis daquela bendita hora da madrugada onde todos os gatos são pardos. Os cães policiais do <strike>Caracinza </strike>são farejadores, sim, mas seguem o rastro da cagada, e não da <b>beleza</b>. Todo cuidado é pouco, e a produção da mais bela poesia <b>exige</b> a mais inebriante catarse. Quando se percebe, já está tudo lá, na parede, ou nas carteiras de uma escola, ou nos partos...<br />
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Não menosprezeis o <b>impacto </b>de um belo desenho em uma parede (o melhor dos suportes quando torna a obra insuportável), de uma enigmática poesia (um verdadeiro paralelepípedo sobre suas cabeças, quando decifrada!), de uma música envolvente (a mais vibrante das memes... seja qual for a corda!)... desprezaram a arte, por que os artistas se venderam. Nós lha estendemos as mãos, e ela nos puxou foi a cabeça! Dançamos sim, pintamos, colamos e o caralho, mas não se enganem:<b> não há desvio</b>, pois não há caminho. Tudo o que fazemos tem um motivo, e está de acordo com o que achamos que deve ser feito. Haverá uma flor para cada inconsciência morta (assassinada ou suicída), e são das mais belas rosas os brotos de meu jardim...<br />
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Há muita tinta vermelha em nossas veias, e muitas testas para servir-nos como <i>outdoors</i>.Eduardo Montenegrohttp://www.blogger.com/profile/00736409205565351702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8795377919268043067.post-5603723184699362792010-07-30T23:14:00.000-07:002010-07-30T23:14:17.897-07:00Anestesia Moral e a piada de nossas vidasLinhas tênues as de nossas consciências.<br />
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Meros temperos são suficientes para alterar nosso estado de humor...<br />
<b>acordar com o pé esquerdo</b>: o mau humor que pode matar - e quem você não perdoaria de bom humor?<br />
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o vibrar da "quinta corda" é tão frenético, seu som é tão hipnotizante... por quê? por quê pode romper-se a qualquer momento, e é quando nos <b>fundimos </b>com a música, deixamos de ouví-la e nos tornamos animais.<br />
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Aprecio tal vibrar. Aprecio a <i>quase implosão </i>da "quinta corda". Quero sempre estar pronto para me tornar um animal, mas quero ter <i>consciência </i>disso. Quero estar preparado,<b> e não serei conduzido:</b> andarei sobre meus próprios pés, apagando com os calcanhares os passos que dei, afim de que ninguém me siga - só há um caminho a ser trilhado, e é o que cada um se propõe a trilhar.<br />
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A minha opção é <b>XXX</b>. Straight Edge. Não bebo, não fumo, não uso drogas. Já estou suficientemente louco e emputecido com as pessoas, e a minha fúria já me torna menos consciente; por isso, preciso estar constantemente dentro de mim para não correr o risco de fazer algo que depois me arrependa. Não preciso de anestesia, por isso recuso também a televisão e a igreja. Não delegarei minhas responsabilidades a nenhum Estado, este mesmo que me propõe abaixar a cabeça em troca de favores - cujos quais eu pago!<br />
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cuido de meu templo como e pois a única forma de me fazer entender nesse mundo.<br />
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Propaganda pela ação: para os outros, sou o que faço, o que pareço. Por mim mesmo, não poluirei meu templo, não me doparei, não aceitarei que me dopem para se aproveitarem de minha moral.<br />
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Convoco aqueles homens e mulheres que estão conduzindo suas próprias revoluções no cotidiano que tomem a frente de suas próprias vidas e não se reduzam ao senso comum: alcool, fumaça e drogas nos tiram de nossas perspectivas, confundem nossas idéias, favorecem as odiosas indústrias, então NÃO CONTRIBUAM. Quero liberdade, e não ser um escravo de uma garrafa, de uma seringa ou de um cilindro de papel.<br />
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Achas que não vicia, achas que és forte, que não serás atingido, que bebes e fumas pelo "social", vos digo: <b>à merda</b> com o "social" e com amigos que depredam seu templo, com sua consciência, com um "social" que não quer ouvir suas idéias sóbrio(s) e que torna mais importante uma piada para descontrair do estresse do dia-a-dia do que uma proposta para livrar-se realmente desse estresse! <b>DES</b>contrair! estamos <b>contraídos </b>e precisamos de anestesia, então "<i>por favor, chega de filosofia, eu só quero sair da minha consciência, dormir, trabalhar, e sair dela de novo! o mundo pode passar sem mim</i>!!"<br />
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Sábias palavras as que Wilson proferiu:<br />
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<blockquote><i><em>"Um obtuso</em> acha que até mesmo o <em>vinho não tem gosto</em>, mas o feiticeiro <em>pode</em> se embriagar simplesmente olhando para a água."</i></blockquote>Não se trata de uma purificação espiritual e todo esse idealismo, mas de uma posição concreta: estar o máximo de tempo consciente. afinal, quem defende o meu castelo quando o rei não está em si? Contemos então a grande piada, dentro de nossos decadentes templos: nossas vidas tentando se distrair de nossas vidas. <br />
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Cuidemos de nossos templos, pois.Eduardo Montenegrohttp://www.blogger.com/profile/00736409205565351702noreply@blogger.com0